Apenas 6% das infecções foram identificadas em todo o planeta, calculam cientistas da Universidade de Göttingen. No Brasil, esse índice seria de menos de 1%, e país poderia ter, na verdade, mais de 600 mil casos. Dezenas de milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus podem estar fora das estatísticas das autoridades, indica um estudo da Universidade de Göttingen, na Alemanha, divulgado nesta terça-feira (7).
Os cientistas responsáveis pelo estudo, Christian Bommer e Sebastian Vollmer, calculam que apenas 6% das infecções foram detectadas em todo o mundo. No Brasil, o percentual seria de apenas 0,95%.
Isso ajudaria a explicar, ao menos em parte, por que a taxa de mortalidade do vírus varia tanto de um país para o outro.
Outro dado que varia muito entre os países é o tempo que decorre entre a detecção da infecção e a morte do paciente, apesar de todos os pacientes terem sido infectados pelo mesmo vírus, o Sars-Cov-2.
Testes insuficientes podem explicar por que a Itália e a Espanha têm taxas de mortalidade muito maiores do que a Alemanha. Os cientistas estimaram que a Alemanha detectou 15,6% das infecções, enquanto a Itália detectou apenas 3,5%, e a Espanha, 1,7%.
Segundo eles, as taxas de detecção são ainda menores nos EUA (1,6%) e no Reino Unido (1,2%). Todos os percentuais se referem à situação em 31 de março.
Os cientistas calcularam que o número real de infecções na Alemanha é de 460 mil. Nos Estados Unidos, o total seria superior a 11 milhões. A Itália teria 3 milhões de infectados, a Espanha, mais de 5 milhões, e o Reino Unido, cerca de 2 milhões.
No Brasil, o número real de casos seria de cerca de 602 mil, enquanto o Ministério da Saúde registrava apenas 5.717 no dia 31 de março.
A Coreia do Sul, um dos primeiros países a implementar os testes em massa, já teria identificado a metade dos casos que existem no país, disseram os pesquisadores - 9.786 de um total real de 19.782.
Em 31 de março, a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, que mantém uma contagem de casos e mortes por coronavírus ao redor do mundo, registrava menos de 1 milhão de ocorrências em todo o planeta.
"Esses resultados mostram que os governantes e legisladores devem ser muito cautelosos quando interpretam os números de casos para fins de planejamento", disse Sebastian Vollmer.
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