"Não contaria com vacina contra covid-19", diz pesquisador

Pioneiro no estudo de HIV, William Haseltine afirma que essa solução não deve chegar tão cedo

21 mai 2020 - 09h08
(atualizado às 09h19)

Um cientista norte-americano de renome disse na quarta-feira, 20, que o governo não deveria esperar que uma vacina bem-sucedida contra a Covid-19 seja desenvolvida em breve ao decidir se relaxa ou não as restrições impostas para conter a pandemia.

William Haseltine, pesquisador pioneiro de projetos de câncer, HIV/Aids e genoma humano, disse que a melhor abordagem agora é administrar a doença por meio do rastreamento cuidadoso das infecções e de medidas rígidas de isolamento quando ela começa a se disseminar.

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Cientista examina células com Covid-19 durante pesquisa de vacina em laboratório em São Petersburgo, na Rússia
20/05/2020 REUTERS/Anton Vaganov
Cientista examina células com Covid-19 durante pesquisa de vacina em laboratório em São Petersburgo, na Rússia 20/05/2020 REUTERS/Anton Vaganov
Foto: Reuters

Embora uma vacina contra a Covid-19 possa ser desenvolvida, disse ele, "eu não contaria com isso".

Vacinas desenvolvidas anteriormente para outros tipos de coronavírus não conseguiram proteger as membranas mucosas do nariz, por onde o vírus costuma entrar no corpo, disse.

Mesmo sem um tratamento ou uma vacina eficiente, o vírus pode ser controlado pela identificação das infecções ao se encontrar pessoas que foram expostas e isolá-las, explicou. Ele fez um apelo para que as pessoas a usem máscaras, lavem as mãos, limpem superfícies e mantenham a distância.

Ele ainda disse que a China e alguns outros países asiáticos usaram esta estratégia com sucesso, enquanto Estados Unidos e outras nações não fizeram o suficiente para "isolar à força" todos os que foram expostos ao vírus.

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China, Coreia do Sul e Taiwan se saíram melhor na contenção das infecções, disse, enquanto EUA, Rússia e Brasil se saíram pior.

Os testes de vacinas experimentais da Covid-19 em animais conseguiram reduzir a carga viral em órgãos como pulmões, mas as infecções permaneceram, detalhou.

Para o tratamento, pacientes vêm recebendo plasma rico em anticorpos doado por pessoas que se recuperaram da Covid-19, e farmacêuticas estão trabalhando para produzir versões refinadas e concentradas deste soro.

Conhecidos como globulina hiperimune, estes produtos estão "onde os primeiros tratamentos verdadeiros estarão", disse Haseltine, prevendo sucesso também na pesquisa de anticorpos monoclonais que detectam e neutralizam a capacidade do vírus de entrar nas células humanas.

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