"Não há previsão de abastecer álcool gel e máscaras"

Uma das maiores redes de farmácias não terá reajustes de preços em abril e fará aplicação de vacinas de gripe

26 mar 2020 - 06h11
(atualizado às 07h55)

Uma das maiores redes de varejo farmacêutico do País, a Raia Drogasil (RD) montou um "plano de guerra" para atender aos consumidores e dar conta da demanda por conta do novo coronavírus. Marcilio Posada, presidente da RD, disse ao Estado que máscaras e álcool gel sumiram das prateleiras e não há previsão de abastecimento. A rede também decidiu não repassar em abril o reajuste dos preços dos medicamentos. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Unidade da Droga Raia no Rio de Janeiro 
30/07/2018
REUTERS/Sergio Moraes
Unidade da Droga Raia no Rio de Janeiro 30/07/2018 REUTERS/Sergio Moraes
Foto: Reuters

Como a rede se preparou para enfrentar o coronavírus?

Estava de férias em janeiro e passei pela Itália no final da minha viagem. Lá, vi muitos chineses de máscara tossindo. Ao chegar aqui no Brasil no fim de janeiro, a gente começou a trabalhar com um cenário de que iria ser muito difícil. Não tinha ideia do impacto, mas sabia que tínhamos de nos preparar.

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O que o grupo fez?

Preparamos um plano de guerra: aumentamos nossos estoques de medicamentos isentos de prescrição (OTC, na sigla em inglês) entre o fim de janeiro e fevereiro. Geralmente, isso é feito em março. Também elevamos estoques de itens básicos, como máscaras e álcool gel. Trabalhamos com a (consultoria) McKinsey aqui e falamos com o time deles na Itália, assim como com o diretor-geral da Bayer de lá para tentarmos entender cenários nos outros países e como as farmácias daqui poderiam melhorar o atendimento.

Mas máscaras e álcool gel sumiram das farmácias…

Não temos para vender há um bom tempo. A gente preparou um estoque de segurança para ter as nossas lojas funcionando. Nossos funcionários estão usando, mas estamos correndo atrás para abastecer nossos clientes. A máscara é um item bem polêmico. Ninguém chegou à conclusão sobre o uso. Entendemos que nosso pessoal de linha de frente tem de usar. No caso do álcool gel, o uso começou a explodir em fevereiro. O fornecimento ao cliente deve se normalizar nos próximos 30 a 60 dias. O de máscara é mais difícil.

Quais são os medicamentos mais procurados?

A grande busca para passar por essa pandemia foram por medicamentos clássicos de uma gripe forte, problemas asmáticos e vitaminas C.

As indústrias estão preparadas para fornecer esses produtos?

A indústria está respondendo muito bem. Se acaba um dia, temos entrega no outro. A dificuldade é álcool gel e máscara.

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Como ficaram as vendas do medicamentos de hidroxicloroquina (para lúpus)?

Quando começou o boato de que esses medicamentos poderiam ajudar (no tratamento do coronavirus) e, realmente podem, muitas pessoas começaram a correr atrás. Ligamos para a secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e doamos nosso estoque para eles. Nas redes, vendas só com receita controlada.

A demanda por todos tipos de medicamentos cresceu muito?

Não abrimos esses dados. Houve uma corrida por certos medicamentos e uma explosão de demanda no online. Estamos trabalhando para melhorar esse canal.

O governo quer que as farmácias se tornem postos oficiais de vacinação. A RD está preparada?

A RD já começa na semana que vem. O governo falou que será a partir do dia 13 de abril, mas estamos tentando antecipar. Outras redes também vão fazer o mesmo.

E as vacinas privadas?

A RD fazia a aplicação da vacina privada, mas os estoques acabaram. Agora, a prioridade é a pública. Teremos 150 lojas preparadas em São Paulo.

E as contratações na rede Raia Drogasil aumentaram?

Contratamos 2 mil pessoas desde a crise para atender os clientes na crise. Temos um plano agressivo de expansão de abertura de 20 lojas por mês. Neste mês, teremos redução. Para o ano, a previsão são 240 lojas novas, a mesma abertura da do ano passado.

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O que o sr. prevê daqui para frente?

Nós nos preparamos para crise desde janeiro e estamos trabalhando como loucos. No fim deste mês, tem o reajuste de preços de medicamentos. Decidimos que não vamos reajustar os preços no mês de abril.

Como o sr. vê a questão sobre confinamento?

A gente não se posiciona. Acho que é uma crise séria e está atingindo boa parte população, sobretudo idosa. E isso está estrangulando o sistema de saúde. Estamos fazendo de tudo para ajudar o governo. Acho que o governo do Estado de São Paulo se posicionou bem. Temos de ajudar.

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