Casos diários no país asiático pulam de 100 em janeiro para mais de 1.500. Especialistas afirmam que cepa XBB.1.16, da família da ômicron, é mais contagiosa, mas não há indícios de que leve a maior gravidade da doença.A Índia vem registrando um aumento no número de novos casos diários de covid-19. Virologistas e epidemiologistas acreditam que isso se deve a uma nova variante do coronavírus em circulação no país, a XBB.1.16, da família da ômicron.
Segundo dados do Ministério da Saúde da Índia divulgados na terça-feira (28/03), o país teve 1.573 novas infecções em 24 horas, e os casos ativos aumentaram para 10.981.
O número é expressivamente superior aos menos de 100 novos casos diários que o país chegou a relatar em alguns dias de janeiro - a menor taxa desde o início da pandemia.
"Novas variantes continuarão chegando à medida que o vírus continua a sofrer mutações ao longo do tempo, e a XBB 1.16 é a nova cepa. Todas são da família ômicron, com maior infectividade e menor virulência", explicou à DW Srinath Reddy, ex-presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.
Após o aumento de casos, o secretário do Ministério da Saúde indiano Rajesh Bhushan realizou uma reunião com autoridades de vários estados e pediu que os hospitais simulem exercícios, nos dias 10 e 11 de abril, para garantir a prontidão operacional da infraestrutura médica.
"O objetivo é fazer um balanço da disponibilidade de medicamentos, leitos hospitalares, equipamentos médicos e oxigênio", disse um alto funcionário da saúde à DW.
Um exercício semelhante foi realizado em dezembro do ano passado, quando houve um aumento nos casos de covid-19 em países como China, Japão, Brasil e Coreia do Sul.
Aumento de casos passageiro
Apesar do aumento de casos, Gautam Menon, reitor de pesquisa da Universidade Ashoka, na Índia, afirma que não há motivo para pânico.
"O aumento de infecções não resultou em um aumento de casos graves. Isso ocorre porque a nova variante está encontrando uma população que já está substancialmente protegida contra doenças graves, por meio de uma infecção anterior ou de vacinação ou, na maioria dos casos, de ambos", explica.
"Os sintomas e sua relativa suavidade sugerem que a covid-19 provavelmente permanecerá conosco no futuro previsível, causando doenças leves de maneira sazonal, assim como os outros coronavírus humanos que causam cerca de 30% dos resfriados comuns", acrescenta Menon.
Vineeta Bal, do Instituto Indiano de Educação e Pesquisa Científica de Pune, afirma que já é possível discernir um padrão, no qual uma variante do coronavírus mais transmissível aparece, substitui a dominante, leva a um aumento de casos e depois desaparece à medida que as pessoas ganham imunidade.
"Um processo semelhante também está acontecendo com a XBB.1.16", diz. "A variante parece marginalmente mais infecciosa, possivelmente levando a algum aumento nos casos de covid sintomáticos, embora não de forma esmagadora."
Segundo ela, é provável que a imunidade devido à vacinação e infecções anteriores esteja diminuindo na comunidade e, portanto, "uma variante recombinante como XBB.1.16 está ganhando algum terreno". "Não espero outro grande surto da doença grave, e esse aumento de casos pode diminuir em algum tempo", completa.
Ampliação da cobertura vacinal
A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhão de pessoas, e administrou mais de 2,2 bilhões de doses de vacinas contra a covid-19.
No entanto, dados do governo mostram que apenas cerca de 30% da população elegível recebeu até agora uma terceira dose ou dose de reforço. As autoridades dizem que estão tentando expandir essa cobertura, especialmente entre os grupos mais vulneráveis.
Segundo o epidemiologista Giridhara Babu, a "vigilância proativa" é fundamental para evitar outro surto em massa.
"Apesar de a XBB.1.16 ser potencialmente mais contagiosa do que outras variantes da ômicron, não há evidências que sugiram que ela leve a uma maior gravidade da doença ou a um aumento das taxas de hospitalização e mortalidade", enfatiza.
"Com a covid-19 agora endêmica, é crucial continuar os esforços de vigilância proativa para orientar o futuro curso de ação."