Uma das principais autoridades sanitárias do governo da Itália negou nesta segunda-feira (17) que os migrantes que chegam ao país pelo Mediterrâneo sejam o principal motivo da recente alta nos novos casos do coronavírus Sars-CoV-2.
Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, Franco Locatelli, presidente do Conselho Superior da Saúde, órgão de consultoria técnico-científica do governo, disse que, "dependendo da região, de 25% a 40% dos novos contágios" registrados na Itália nos últimos dias são importados de "compatriotas retornando de viagens ou de estrangeiros residentes" no país.
"A contribuição dos migrantes, entendidos como pessoas desesperadas que fogem, é mínima, não mais que 3% a 5% dos positivos, e uma parte se infecta nos centros de acolhimento, onde é mais difícil manter as medidas sanitárias adequadas", explicou.
A Itália registrou 3.341 casos do Sars-CoV-2 na semana passada, maior número para o período desde 17 a 23 de maio, com 4.567 contágios. Além disso, a média móvel de diagnósticos positivos em sete dias está em 488 nesta segunda-feira, maior índice desde 29 de maio (513).
Com o recente recrudescimento dos fluxos migratórios no Mediterrâneo, especialmente a partir da Tunísia, a extrema direita italiana tenta emplacar a narrativa de que a chegada de migrantes e refugiados é o principal vetor dos novos casos de coronavírus no país.
No entanto, nos últimos dias, as autoridades sanitárias têm detectado dezenas de contágios ligados a turismo. Em Roma, seis jovens testaram positivo nesta segunda-feira, após retornarem de Porto Rotondo, na Sardenha, e Ibiza, na Espanha.
Já o governo do Vêneto, no norte da Itália, informou a detecção de 48 casos por meio de exames feitos nos aeroportos da região "nos últimos dias". Na Ligúria, também no norte, 15% dos novos contágios entre 13 e 16 de agosto são de italianos retornando do exterior, e apenas 1% é de "estrangeiros em viagem".