OMS nega estar "centrada na China" após comentário de Trump

Entidade afirmou que a fase aguda de uma pandemia não é o momento de cortar financiamentos

8 abr 2020 - 08h29
(atualizado às 08h39)

Autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) negaram nesta quarta-feira que o órgão seja "centrado na China" e disseram que a fase aguda de uma pandemia não era a hora de cortar financiamentos, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar que suspenderia as contribuições do país.

Bruce Aylward, da OMS, durante entrevista coletiva em Genebra
25/02/2020 REUTERS/Denis Balibouse
Bruce Aylward, da OMS, durante entrevista coletiva em Genebra 25/02/2020 REUTERS/Denis Balibouse
Foto: Reuters

Os EUA são o principal contribuidor da OMS, que Trump julga ter emitido más recomendações sobre o surto do novo coronavírus.

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Em 2019, as contribuições do país para a OMS ultrapassaram 400 milhões de dólares, quase o dobro da segunda maior doação dos outros Estados membros. A China, por outro lado, contribuiu com 44 milhões de dólares.

"Ainda estamos na fase aguda de uma pandemia, então agora não é hora de reduzir o financiamento", afirmou o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, em um coletiva de imprensa virtual em resposta a uma pergunta sobre os comentários de Trump.

Bruce Aylward, consultor sênior do diretor-geral da OMS, também defendeu a relação da agência com a China, dizendo que o trabalho com as autoridades de Pequim era importante para entender o surto, que começou em Wuhan.

"Foi absolutamente fundamental, no início deste surto, ter acesso total a tudo o que era possível, entrar em campo e trabalhar com os chineses para entender isso", declarou. "Isso foi o que fizemos com todos os outros países afetados, como a Espanha, e não teve nada a ver com a China especificamente", completou.

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Aylward também defendeu as recomendações da OMS para manter as fronteiras abertas, apontando que a China trabalhou duro para identificar e detectar casos precoces e seus contatos, além de garantir que essas pessoas não viajassem para conter o surto.

Na Europa, Kluge descreveu o surto de novo coronavírus no continente como "muito preocupante" e pediu que os governos "avaliem com muito cuidado" antes de relaxar as medidas para conter a propagação do vírus.

"Um aumento dramático de casos no outro lado do Atlântico distorce o que permanece um quadro muito preocupante na Europa", disse ele. "Ainda temos um longo caminho a percorrer na maratona."

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