BRASÍLIA - Com o nome ventilado para assumir o Ministério da Saúde em pleno avanço da covid-19, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) negou terça-feira, 7, ter recebido convite do presidente Jair Bolsonaro para ocupar o lugar de Luiz Henrique Mandetta (DEM). Terra disse que apenas foi chamado ontem por Bolsonaro para almoço no Palácio do Planalto para tratar do uso da hidroxicloroquina.
Ex-ministro da Cidadania, o deputado concorda com Bolsonaro em relação ao relaxamento de medidas restritivas e defende "experimentar" cloroquina para pacientes com sintomas iniciais da covid-19. Os dois temas — a quarentena e o medicamento — são controvérsias entre Bolsonaro e Mandetta.
"O que tenho afirmado é que essa quarentena não tem sentido. Está sacrificando a população, quebrando o país e não diminui o número de casos", disse Terra ao apresentador José Luiz Datena.
"O vírus é uma força da natureza. Só vai diminuir o contágio quanto tiver metade da população contaminada. E só vai diminuir a epidemia quando chegar a 70%, 80% da população contaminada. Tem de proteger idosos e doentes. Juntar as pessoas em casa aumenta o contágio", afirmou o deputado, que é médico, mas contraria visões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde sobre o isolamento social.
A crise aberta entre Bolsonaro e Mandetta escalou durante a segunda-feira, 6, no dia seguinte ao presidente dizer que iria "chegar a hora" de que pessoas que estavam "se achando" no seu governo. À noite, após ser recebido sob aplausos por técnicos do Ministério da Saúde, Mandetta anunciou que permanece no cargo. Ele pediu "paz" para chefiar a pasta e, sem citar diretamente Bolsonaro, reclamou de críticas que, em sua visão, criam dificuldades para o seu trabalho.