O papa Francisco disse nesta segunda-feira que a sociedade tem que amparar as mulheres vitimadas pela violência doméstica, já que os abusos aumentaram em todo o mundo durante os isolamentos provocados pelo coronavírus.
Francisco elogiou as mulheres nas linhas de frente da luta por ajudarem a sociedade a atravessar a crise, mencionando médicas, enfermeiras, policiais, carcereiras e vendedoras de lojas que vendem artigos essenciais.
O papa, que falava em um feriado religioso e nacional na Itália e em outros países, também louvou as muitas mulheres que cuidam de crianças, idosos e deficientes em casa.
Mas, discursando em sua biblioteca oficial, e não na janela com vista para a Praça São Pedro, Francisco afirmou: "Às vezes elas (mulheres) correm o risco de ser vítimas de violência em uma coabitação que suportam como um fardo que é pesado demais". "Oremos por elas para que o Senhor lhes conceda força e que nossas comunidades as apoiem, assim como suas famílias", completou.
A violência doméstica aumentou agora que muitos países impuseram restrições mais duras para que as pessoas não saiam de casa para evitar a disseminação do coronavírus.
Nos Estados Unidos, programas contra a violência doméstica citam aumentos nos pedidos de ajuda. A Associação Cristã de Moças do norte de Nova Jersey disse que as ligações de denúncia aumentaram até 24%.
Na Espanha, as chamadas para um disque-denúncia para vítimas de violência cresceram 12,4% nas duas primeiras semanas do isolamento em comparação com a mesma quinzena do ano passado. As consultas ao site do serviço de ajuda aumentaram 270%, disse o Ministério da Igualdade.
Os defensores do controle de armas dos EUA, onde as lojas de armas têm permissão para permanecer abertas, disseram que temem que um aumento de compras de armas durante a pandemia provoque mais violência doméstica.
Na Itália, grupos de apoio declaram estar receosos de que uma queda acentuada nos relatos oficiais de violência doméstica sejam um sinal de que as mulheres correm risco de ser ainda mais expostas a controles e agressões de um parceiro porque as vítimas têm mais dificuldade de se comunicar durante o isolamento.
Por causa das restrições a aglomerações, todos os cultos realizados por Francisco na Semana Santa, que culminou no Domingo de Páscoa, foram realizados sem a participação do público na Basílica de São Pedro e na Praça São Pedro.