Pazuello recebe Onyx após mudar data de depoimento à CPI

Ex-ministro da Saúde diz ter tido contato com duas pessoas infectadas pela covid-19

6 mai 2021 - 16h10
(atualizado às 16h37)
Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello durante entrevista coletiva em Brasília
15/03/2021 REUTERS/Ueslei Marcelino
Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello durante entrevista coletiva em Brasília 15/03/2021 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Dois dias depois de pedir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid para mudar seu depoimento por ter mantido contato com dois servidores acometidos pela doença, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello recebeu, nesta quinta-feira, 6, a visita do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni (DEM), em Brasília.

O Estadão flagrou o momento em que Onyx e uma assessora do Palácio do Planalto saíram do encontro no Hotel de Trânsito de Oficiais, onde mora Pazuello, no Setor Militar Urbano.

Publicidade

Onyx deixou a área militar por volta das 10h da manhã. O encontro não constava na agenda pública do ministro da Secretaria-Geral. Naquele momento, segundo registro oficial do governo Jair Bolsonaro, ele participaria de reunião com o assessor José Vicente Santini no gabinete dentro do Palácio do Planalto.

A reportagem entrou em contato com o ministro e sua assessoria direta, mas a Secretaria-Geral da Presidência ainda não se pronunciou.

O secretário-geral da Presidência é o coordenador da estratégia política do Palácio do Planalto na CPI. Onyx foi um dos primeiros ministros de Bolsonaro a ter covid-19. Ele comunicou que contraiu a doença em julho do ano passado. Mesmo já tendo sido contaminado, é possível a reinfecção.

A recomendação sanitária para pessoas que tiveram contato direto com casos confirmados é de se resguardar e manter medidas de isolamento por até 14 dias.

Publicidade

Além de ter se reunido com Onyx, o Estadão apurou que, na prática, Pazuello tem mantido uma rotina de poucos cuidados dentro das dependências militares. Ele foi visto, nesta quinta-feira, circulando pelo hotel sem máscara e usando o telefone da recepção para fazer chamadas.

O pedido para mudar seu depoimento provocou irritação em senadores, que alegaram justamente a falta de cuidados do ex-ministro da Saúde. Dias antes, o ex-ministro havia sido fotografado passeando sem máscara num shopping em Manaus (AM). O ex-ministro teve a covid-19 no ano passado.

Aos senadores, o Exército enviou um comunicado com o relato de Pazuello. No documento, o ex-ministro afirma que soube, na segunda-feira, 3, que manteve "contato direto" com dois servidores federais infectados pelo novo coronavírus. Por isso, sugeria que fosse interrogado remotamente, por vídeo, ou o adiamento. Os senadores optaram pela remarcação do depoimento presencial para o dia 19 de abril.

O ofício foi encaminhado ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), pelo general de Divisão Francisco Humberto Montenegro Junior, comandante da Secretaria-Geral do Exército, órgão administrativo ao qual Pazuello está ligado desde o fim de abril. O comandante-geral do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, também conversou por telefone com o senador.

Publicidade

O Estadão apurou que um dos coronéis próximos a Pazuello infectados pelo coronavírus é o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco. Ele costuma atender aos telefonemas feitos ao celular pessoal do ex-ministro.

'Guedes é um homem pequeno para estar onde está', diz Mandetta
Video Player

Atualmente assessor na Casa Civil, Elcio Franco está afastado do trabalho, com o argumento de que teria testado positivo. A Casa Civil, no entanto, ainda não confirma oficialmente a doença do coronel porque ele ainda não apresentou a documentação que ateste a contaminação, o que deve ser feito quando retornar ao trabalho. A agenda dele não registra compromissos nos últimos dias.

Covid-19: a tragédia na Índia, onde pacientes morrem sem oxigênio
Video Player

Elcio Franco era um dos envolvidos na preparação de Pazuello para depor na CPI, o que demandou até treinamento de mídia no governo. Ele não retornou aos contatos da reportagem nos últimos dois dias.

A exposição de Pazuello na CPI e a falta de traquejo dele perante as câmeras e os parlamentares preocupam o governo Bolsonaro e as Forças Armadas. Oficiais do Exército, no entanto, dizem que a força não participou do treinamento de mídia feito com Pazuello por assessores do Palácio do Planalto.

Publicidade
Casa Civil faz lista de 23 acusações ao governo que podem surgir na 'CPI da covid'
Video Player
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se