O pedido de impeachment conjunto formulado por partidos da oposição já tem mais de 40 páginas e trará um histórico da gestão na pandemia pelo governo de Jair Bolsonaro, culminando com a falta de oxigênio em cidades do Amazonas e do Pará e com a indefinição sobre a compra de vacinas, de acordo com fontes do Congresso ouvidas pelo Estadão.
As lideranças dos partidos envolvidos - Rede, PSB, PT, PCdoB, PDT e, agora, Psol - decidiram adiar a apresentação da peça para terça-feira, dia 26, para que os líderes que conseguirem viajar até Brasília possam protocolar o pedido presencialmente.
Além do histórico da gestão da crise, o pedido também vai citar um estudo feito por duas instituições - o Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (Cepedisa-USP) e a Conectas Direitos Humanos - que analisou portarias, medidas provisórias, resoluções, instruções normativas, leis, decisões e decretos do governo federal e concluiu que a União atuou em prol da ampla disseminação do vírus. A pesquisa foi divulgada pelo jornal El País.
Em reunião realizada na quarta-feira, 20, as lideranças da oposição também decidiram que vão realizar um ato no Salão Verde da Câmara dos Deputados pedindo o retorno imediato dos trabalhos do Congresso Nacional. Eles ainda reiteraram o apoio à instalação de uma CPMI para investigar a atuação de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde.
Por enquanto, 31 deputados e 10 senadores assinaram o pedido de abertura de CPMI formulado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). São necessárias as assinaturas de 171 deputados e de 27 senadores.
Os cinco partidos que participam da ação têm 126 deputados. Caso um pedido de impeachment seja autorizado pela Presidência da Câmara - ocupada por Rodrigo Maia (DEM-RJ) até 1º de fevereiro -, ele precisa do apoio de 342 membros da Casa.
Carreatas
Entre ativistas políticos, o impeachment do presidente Bolsonaro é defendido por grupos de direita e de esquerda, que estão convocando carreatas contra o presidente em ao menos oito 19 capitais e no Distrito Federal. Os protestos ganharam a adesão de organizações que estiveram em lados opostos durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Apesar da pauta conjunta, os atos ocorrerão em dias diferentes. MBL e o Vem Pra Rua, que defenderam a queda de Dilma em 2016, estão convocando atos para domingo, dia 24, enquanto a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, que apoiaram a petista, estão convocando carreatas anti-Bolsonaro para sábado, dia 23. O grupo de renovação política Acredito também convocou ato pedindo a saída de Bolsonaro.
No sábado, estão marcadas carreatas em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília, em Belo Horizonte, em Porto Alegre, em João Pessoa, em Rio Branco, em Curitiba, em Fortaleza, em Vitória, em Belém, em Porto Velho, em Palmas, de Maceió, de Salvador, em Recife, em Teresina, em Campo Grande, em Cuiabá e em Florianópolis, entre outras cidades. No domingo, há atos agendados em São Paulo, São José dos Campos, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Cuiabá e Belém.