PF cumpre mandados na Precisa em busca de documentos

Operação investiga a importação de vacina indiana Covaxin

28 out 2021 - 10h15
(atualizado às 10h23)

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira uma operação de busca de documentos em endereços da empresa Precisa Medicamentos e de seu presidente, Francisco Maximiano, em investigação sobre irregularidades na tentativa de compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.

Carro da Polícia Federal 
26/05/2020 REUTERS/Pilar Olivares
Carro da Polícia Federal 26/05/2020 REUTERS/Pilar Olivares
Foto: Reuters

A operação, que envolve a PF, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), cumpre 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Campinas e Brasília, em endereços ligados à empresa, Maximiano e outras pessoas ligadas às negociações sobre a Covaxin, disse um fonte que acompanha o processo.

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Em nota, a CGU confirmou a operação e informou que ao longo de apurações feitas na controladoria, foi identificado que a Precisa apresentou documentos falsos ao Ministério da Saúde e à CGU.

"Os trabalhos revelaram, ainda, uma carta fiança irregular emitida por outra empresa que não tem autorização para funcionamento pelo Banco Central, além de outros indícios de fraude nas assinaturas e documentos constitutivos da empresa", diz o texto.

"Ainda de acordo com as investigações, as cartas de fiança inidôneas apresentadas para o Ministério da Saúde e diversos outros órgãos públicos federais, estaduais e municipais podem alcançar mais de 500 milhões de reais."

A operação foi autorizada pela 12ª Vara Criminal Federal do Distrito Federal.

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As irregularidades na compra da vacina indiana, intermediada pela Precisa, foram denunciadas pelo servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado Luis Miranda (DEM-DF). O servidor confirmou à CPI da Covid no Senado que foi pressionado para que liberasse a compra da vacina mesmo com documentação irregular.

O deputado Luis Miranda levou o irmão para uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro em que foi feita a denúncia da pressão para que a compra da Covaxin fosse liberada. O presidente, que não teria tomado medidas a respeito do caso, teve o indiciamento por prevaricação --entre outros crimes-- pedido pela CPI.

À época da pressão pela compra da Covaxin, a vacina indiana ainda não tinha --e ainda não tem-- nenhum tipo de autorização para uso no Brasil da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em nenhum dos órgãos internacionais seguidos pela agência, como o FDA norte-americano ou a agência sanitária europeia.

Além disso, a vacina era negociada a 15 dólares por dose, a mais cara entre todos os imunizantes compradas pelo ministério.

Com os dados levantados pela CPI, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar a negociação.

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Em nota, os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso, que representam a Precisa, classificaram a operação desta quinta de desnecessária e disseram que a empresa disponibilizou todos os documentos referentes às negociações com o ministério aos órgãos competentes.

"Toda a documentação referente à negociação com o Ministério da Saúde já foi disponibilizada a todos os órgãos competentes, quer por iniciativa da própria Precisa, quando solicitada, quer por outras medidas de busca e apreensão que já foram anteriormente determinadas, o que demonstra que a operação de hoje era simplesmente desnecessária", afirmaram.

"A Precisa continua à disposição da Justiça e seguirá prestando todos os esclarecimentos necessários, com o firme propósito de provar a lisura de todas as sua ações."

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