Alvo da CPI da Covid, a operadora de saúde Prevent Senior teria ocultado mortes que ocorreram no âmbito de um estudo realizado para testar a eficácia do chamado 'tratamento precoce', revelou a GloboNews nesta quinta-feira, 16, que teve acesso a um dossiê sobre o caso.
A pesquisa fraudada teria sido ainda apoiada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido), um árduo defensor do 'kit covid', que inclui medicamentos como a cloroquina e a hidroxicloroquina, ambas sem eficácia científica comprovada contra covid-19 após diversos estudos realizados por cientistas de todo o mundo.
O dossiê, produzido por médicos e ex-médicos da Prevent Senior, mostra irregularidades no estudo e denúncias como a de que a pesquisa surgiu após um acordo entre a operadora e o governo Bolsonaro.
O documento também traz nomes dos pacientes que participaram do experimento. Nove morreram, mas oficialmente apenas duas mortes foram relatadas. Das nove vítimas, seis delas tomaram hidroxicloroquina, associada à azitromicina.
À GloboNews, um médico que trabalhou para a rede de saúde revelou que o estudo foi manipulado desde o começo, com seu resultado já pronto antes mesmo da conclusão da pesquisa. A ideia era fraudar uma conclusão que mostrasse esses medicamentos como eficazes contra a covid-19.
No dossiê, uma mensagem trocada em aplicativo de celular traz ainda o diretor da Prevent Senior, Fernando Oikawa, orientando os médicos a não informarem os familiares dos pacientes a respeito da administração do tratamento precoce. “Iremos iniciar o protocolo de HIDROXICLOROQUINA + AZITROMICINA. Por favor, NÃO INFORMAR O PACIENTE ou FAMILIAR, (sic) sobre a medicação e nem sobre o programa", diz a mensagem.
Por meio de sua conta no Instagram, a Prevent Senior afirmou que vai pedir investigações do Ministério Público sobre as denúncias.