A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou preocupação com a onda de novos casos da covid-19 em Pequim, na China. Nesta segunda-feira, 15, a entidade ligou o alerta de outros países que reduziram o contágio, pois um ressurgimento pode acontecer a qualquer momento.
De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a capital chinesa já registrou mais de cem novos infectados desde a última semana — a origem está sob investigação. Antes do reaparecimento, Pequim chegou a ficar mais de 50 dias sem novos casos da doença. Os dados deram urgência ao restabelecimento de medidas para frear a disseminação do vírus na capital, que voltou a realizar testes em massa.
O diretor do programa de emergências da entidade, Michael Ryan, reforçou a necessidade de agir rápido diante da situação. "O ressurgimento é sempre um tema de preocupação, principalmente quando a origem é desconhecida. Queremos ver uma resposta imediata e um conjunto abrangente de medidas. Diversos lugares do mundo adotaram essa abordagem, com testes e isolamento, e conseguiram conter o avanço do vírus", disse.
Apesar dos exemplos globais de reação aos novos casos, como em Coreia do Sul e Japão, Ryan fez ressalvas sobre as particularidades de Pequim, uma das maiores metrópoles do planeta. O diretor afirmou que a OMS já está prestando suporte às autoridades locais e pode intensificar o auxílio, em caso de necessidade.
"Pequim é uma cidade muito grande, conectada, dinâmica, e há preocupação. Também vemos esse nível de preocupação na resposta das autoridades chinesas. Estamos acompanhando essa situação de perto. Já temos uma equipe na cidade, com diversos epidemiologistas que trabalham diariamente com a comissão de saúde e o centro de controle de doenças da China. Oferecemos ainda mais apoio conforme for necessário", explicou Ryan.
Para a diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, todos os países precisam estar preparados para a possibilidade de ser um novo epicentro da doença. "Devem continuar ativos, sem baixar a guarda", recomendou. A receita para controlar a disseminação permanece: testar, isolar, rastrear os contatos e isolá-los, para que um eventual ressurgimento seja rapidamente identificado. "Grande parte da população continua suscetível", alertou.
Situação do Brasil
A entidade descartou a chance de o Brasil ser o único epicentro do coronavírus na atualidade. Questionado pelo Estadão, Ryan citou que vários outros países apresentaram um aumento expressivo da doença nas últimas semanas, inclusive em outros continentes.
"O Brasil não pode ser separado do resto da América. Há vários outros países, como México e Chile, que registraram números significativos de casos e continuam tendo um crescimento da epidemia. Eu caracterizaria a situação nas Américas como preocupante. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) está oferecendo apoio a diversos países nas Américas Central e do Sul", declarou Ryan.