Sob os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, o setor público consolidado (que inclui governo central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobrás e Eletrobrás) apresentou déficit primário (receitas menos despesas, excluindo o pagamento de juros da dívida pública) de R$ 18,1 bilhões em novembro, informou nesta quarta-feira, 30, o Banco Central (BC). Este é o maior rombo para o mês desde 2016. Em outubro, havia sido registrado superávit de R$ 2,9 bilhões.
No acumulado de janeiro a novembro, o déficit primário do setor público chega a R$ 651,1 bilhões, o equivalente a 9,58% do produto interno bruto (PIB). Em 12 meses até novembro, essa conta é de R$ 664,6 bilhões, ou 8,93% do PIB.
O déficit primário consolidado do mês passado ficou dentro do intervalo das estimativas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, de déficit de R$ 24,8 bilhões a déficit de R$ 9,5 bilhões. A mediana estava negativa em R$ 20,4 bilhões. Em função da pandemia, cujos efeitos econômicos se intensificaram em março, o governo federal e os governos regionais passaram a enfrentar um cenário de forte retração das receitas e aumento dos gastos públicos.
O resultado fiscal de novembro foi composto por um déficit de R$ 20,4 bilhões do Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e INSS). Já os governos regionais (Estados e municípios) influenciaram o resultado positivamente com R$ 2,3 bilhões no mês. Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 1,17 bilhão, os municípios tiveram resultado positivo de R$ 1,16 bilhão. As empresas estatais registraram déficit primário de R$ 87 milhões.
A projeção do Tesouro para o rombo fiscal do setor público consolidado em 2020 é de R$ 844,2 bilhões. O montante equivale a 11,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Para o governo central, o déficit estimado é de R$ 831,8 bilhões, mas na terça-feira, 29, o órgão admitiu que o resultado anual deve ficar abaixo desse valor.