São Paulo ampliará quarentena e deve aumentar restrição

Novas medidas terão de ser tomadas se cidade mantiver baixo nível de isolamento e escassez de vagas em UTIs

30 abr 2020 - 10h59
(atualizado às 11h11)

A Prefeitura de São Paulo deve não apenas prorrogar o período de fechamento do comércio não essencial da cidade como ainda bloquear a circulação de carros nos próximos dias, caso a pressão por vagas em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) continue nos níveis atuais e o percentual de adesão ao isolamento social se mantenha abaixo dos 50%. As informações foram dadas pelo secretário municipal de Saúde da capital, Edson Aparecido, à TV Globo e confirmadas ao Estado pela Prefeitura. Os detalhes devem ser anunciados na semana que vem.

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, durante coletiva de imprensa
Bruno Covas, prefeito de São Paulo, durante coletiva de imprensa
Foto: João Alvarez/FotoArena / Estadão Conteúdo

"Já há uma decisão tomada. Não temos como relaxar as medidas de isolamento a partir do dia 10 de maio. Na capital, é absolutamente impossível fazermos isso", disse Aparecido. "Ao contrário, estamos iniciando as discussões na Prefeitura para que a gente possa fortalecer algumas dessas medidas para que a gente consiga fazer com o que o isolamento na cidade possa crescer (acima) desse patamar de 48%".

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Os bloqueios educativos que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) feitos nos corredores viários deverão se tornar bloqueios de vias, segundo Aparecido. O que vem sendo feito até aqui são testes de como adotar essas medidas, inéditas. "Na semana que vem, as medidas apresentadas pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) (deverão ser) de endurecimento e bloqueios nas principais vias."

O bloqueio não deverá ser total, mas suficiente para criar congestionamentos de forma a desistimular a circulação de veículos. Os alvos das ações serão vias das periferias, onde o crescimento de casos é maior. "Para você ter ideia, a última região a registrar caso confirmado de coronavírus foi a zona leste. Hoje, é a região com mais número de mortes da cidade."

Aparecido afirmou que, no início da quarentena, quando a taxa de isolamento estava acima dos 50%, havia uma média de 812 notificações de casos suspeitos por dia. Agora, com o isolamento menor, essa média supera as 3.400 notificações por dia. "Você tem ainda 6 milhões de pessoas circulando quase que normalmente pela cidade", afirmou o secretário. "É um perigo gigantesco. Você não consegue preparar o sistema público de saúde, nem o sistema privado, para poder absorver a quantidade de pessoas que vão precisar de um leito de UTI."

O secretário afirmou que o reflexo da atual baixa adesão aos pedidos de distanciamento ainda só terá desdobramentos dentro de dez a 15 dias, dado o período de incubação da doença. Assim, a taxa de ocupação dos leitos de UTI devem subir ainda mais. "A pressão virá mais forte ainda. Por isso (é importante) que a população acompanhe o noticiário, veja o que está acontecendo em outras regiões do País em que o sistema de saúde já não dá conta de atender as demandas da população."

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Na Grande São Paulo, a taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 85%, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde. A quarentena determinada pela gestão Doria começou em 24 de março e vai até o dia 10 de maio. O Estado de São Paulo tem 2.247 mortes pelo novo coronavírus, sendo 1.439 mortes na capital.

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