SP desobriga uso de máscaras em espaços abertos públicos e privados

Medida vale já a partir desta quarta-feira, 9, e abrange espaços abertos, como ruas, estádios e parques, e áreas externas de escolas

9 mar 2022 - 13h04
(atualizado às 13h54)
Mulher de máscara no centro de São Paulo
24/03/2020
REUTERS/Amanda Perobelli
Mulher de máscara no centro de São Paulo 24/03/2020 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

O governo de São Paulo liberou o uso de máscaras por alunos, professores e outros funcionários nos espaços abertos das escolas, mas manteve a obrigação nas salas de aula e locais fechados. O anúncio foi feito no começo da tarde desta quarta-feira, 9, em coletiva pelo governador João Doria (PSDB), como adiantou o Estadão. A medida já começa a valer a partir desta quarta e abrange também estádios, centros abertos para eventos, autódromos e áreas correlatas. Os estádios de futebol também poderão voltar a ter 100% do público.

O governador João Doria (PSDB) informou que em duas semanas vai avaliar a liberação completa do uso de máscaras no Estado, o que poderia incluir a liberação para espaços fechados. A previsão é que o anúncio oficial seja feito no próximo dia 22. 

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Veja coletiva de imprensa do governo de SP

O debate sobre as escolas se estendeu nos últimos dias depois que o Estado decidiu desobrigar o uso de máscaras em outros espaços abertos, como ruas e parques. As escolas, no entanto, ainda suscitavam dúvidas porque alguns membros do comitê de especialistas que assessora o governo entendem que momentos de recreio e educação física têm mais risco de transmissão. Por outro lado, Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de outros países, já haviam liberado as máscaras nas escolas, em alguns casos, até na sala de aula.

Segundo apurou o Estadão, o governador Doria era a favor da liberação nas escolas e chamou nesta terça-feira à noite o secretário da Educação, Rossieli Soares, para participar da reunião nesta quarta no Palácio dos Bandeirantes com os especialistas. Estudos têm mostrado impactos no desenvolvimento de crianças pelo uso prolongado de máscaras, especialmente em questões sociais e emocionais.

Durante a coletiva, Doria atribuiu a liberação do uso obrigatório de máscaras "fundamentalmente ao avanço da vacinação". Hoje, o Estado de São Paulo tem 89,27% da população elegível (acima dos 5 anos) com o esquema primário de imunização - duas doses ou vacina de aplicação única. "É a primeira vez em dois anos que faço uma coletiva sem máscaras. Estou me sentindo leve", disse o governador ao retirar a proteção facial no jardim do Palácio dos Bandeirantes. 

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Queda nos índices

O debate sobre uso de máscaras nas escolas ganhou força com a queda nos indicadores da covid-19 e depois que os Estados Unidos e países europeus flexibilizaram nas últimas semanas a exigência em escolas. Shows, restaurantes e festas com adultos sem qualquer proteção e fiscalização fizeram com que pais e mães reclamassem da rigidez imposta aos alunos, sobretudo aos menores.

Vista da escola E.E. Milton da Silva Rodrigues, na Freguesia do Ó em São Paulo (SP)
Foto: Danilo M Yoshioka / Futura Press

Em São Paulo, o Centro de Contingência da Covid-19 chegou a discutir liberar as máscaras em escolas que tivessem mais de 90% das crianças vacinadas, mas a ideia não foi para frente. O comitê analisou os números da pandemia, que têm caído nas últimas semanas, para tomar a decisão. Hoje, a taxa de internação nos leitos de UTI do Estado é de 37,6%; ma Grande São Paulo, a taxa chega a 37,1%.

Segundo o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, também houve queda de 42,2% nos casos de covid em todo o Estado ao longo da última semana e de 54% nos últimos 30 dias. As internações pelo coronavírus também caíram 28,5% e 76,6% nos mesmos períodos, enquanto os óbitos relacionados à doença diminuíram 56% no último mês. 

"As projeções baseadas no que aconteceu com a Ômicron em outros lugares sugeriram que teríamos o pico da onda no final de fevereiro, mas ela já estava acontecendo (no final de janeiro). Não posso dizer que a pandemia está no fim. Há chances de maior transmissão do vírus em situações específicas, especialmente em aglomerações de pessoas pulando, cantando e sem máscaras. Nossa recomendação é que as pessoas se protejam nessas situações de maior risco", afirmou Paulo Menezes, coordenador do Comitê Científico.

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João Gabbardo, coordenador executivo do Comitê, também reforçou a recomendação para que a população continue usando máscara em ambientes e situações de risco, principalmente imunossuprimidos, pessoas não vacinadas, com sintomas gripais ou doenças crônicas.   

A discussão com relação às crianças esbarrava principalmente nas taxas de vacinação. Nesta terça-feira, o índice chegou a 70% das crianças vacinadas com a primeira dose, mas a segunda dose ainda está em 19,39%. São 821 mil faltosos entre 6 e 11 anos.

Além da vacinação, há membros do comitê de especialistas de São Paulo que argumentaram que o momento de recreio e educação física são preocupantes porque as crianças respiram de maneira ofegante e transpiram. Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda o uso de máscaras para crianças em atividades físicas.

A polêmica também divide famílias. Um grupo preocupa-se com prejuízos ao desenvolvimento das crianças, nas relações sociais e na alfabetização. E outros apontam o fato de os menores não estarem com o esquema vacinal completo e dizem que os índices de casos e mortes por covid-19 ainda são altos para deixar de usar máscaras – uma das armas mais eficazes contra a covid-19, segundo pesquisas. 

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Movimentos como o Escolas Abertas defendem, com base em pesquisas que falam do prejuízo ao desenvolvimento das crianças, que as escolas deixem de exigir a proteção em todos os ambientes. Na segunda-feira, pais e crianças do Escolas Abertas protestaram na frente da casa do secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, pela liberação das máscaras nas escolas. 

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