A vacinação contra a covid-19 será retomada na capital paulista nesta quarta-feira, 23. Mas após a campanha ser suspensa por falta de doses houve mudança no calendário, revendo datas para o grupo de 44 a 48 anos.
Segundo o secretário da Saúde, Edson Aparecido, as mudanças no calendário não devem refletir no restante do cronograma, cujo prazo final foi mantido. "Nós acreditamos que o PNI (Plano Nacional de Imunização) vai conseguir manter o abastecimento (de vacinas) e nós vamos manter o calendário", disse em entrevista à Rádio Eldorado. O calendário da cidade está de acordo com o cronograma proposto pelo governo do Estado, que prevê a vacinação da faixa de 43 a 49 anos entre 23 e 29 de junho. Os pontos de vacinação estão sendo reabastecidos com 181,8 mil doses de Coronavac (para a primeira dose) e 30 mil de AstraZeneca (para segunda dose).
Neste mês, o governador João Doria (PSDB)anunciou que pretende aplicar a primeira dose em todos os paulistas até setembro. Na segunda-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez a mesma previsão para todo o País. Na capital paulista, a escassez começou a ser vista ainda no fim de semana.
No sábado, a Secretaria Municipal de Saúde alega que avisou ao Estado que havia apenas 59 mil doses em estoque. Edson Aparecido disse ao Estadão que o pedido por mais vacinas foi feito pelo secretário adjunto e pelo próprio prefeito Ricardo Nunes (MDB). Para manter a imunização no fim de semana, a cidade chegou a usar 16 mil doses de AstraZeneca que estavam reservadas para a segunda dose. O estoque já foi reposto, mas o pedido da capital só foi atendido nesta terça-feira. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde disse que distribui as vacinas de acordo com as quantidades enviadas pelo Ministério da Saúde e com base no público-alvo de cada município.
Aparecido acredita que a falta de doses na cidade foi uma consequência da grande procura por vacinas. Ele disse que 93% do público de 50 a 59 anos foi imunizado nos últimos dias. "Felizmente, estamos tendo uma grande adesão à campanha na capital", falou. Ainda na entrevista à Rádio Eldorado, o secretário informou que 1,2 milhão de doses foram aplicadas na cidade entre segunda e quarta-feira da semana passada.
Segundo o Estadão apurou, na avaliação do governo do Estado a medida de suspensão adotada pela Prefeitura poderia ter sido evitada, dada a chegada de novas doses já prevista. O desabastecimento chegou a atingir mais de 60% dos locais de aplicação no Município.
Mais imunizantes
O Ministério da Saúde faz previsões mensais sobre o total de doses que o País deve receber, mas dificilmente essa projeção é cumprida e a pasta acaba diminuindo a quantidade esperada. Isso atrapalha o planejamento dos Estados e municípios. "A gente cai sempre no mesmo problema. A entrega de doses não segue o cronograma correto e ficamos nessa campanha incerta", diz a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Para Ethel, a suspensão pontual da vacinação nas cidades é prejudicial para a campanha como um todo. "Com isso, é criada desconfiança", diz. Outras capitais paralisaram ontem a aplicação de primeira dose.
Neste mês, o Brasil esperava receber 37,9 milhões de doses de vacinas, mas só recebeu 29,2 milhões até o momento. Deste total, dois milhões de doses chegaram nesta terça-feira: 1,5 milhão da Janssen e 528 mil da Pfizer. É a primeira remessa de doses da Janssen ao País, que imuniza com dose única.
Sobre as vacinas que chegaram nesta terça, ainda não há definição de quantas doses serão entregues a cada Estado. Segundo o Ministério da Saúde, a divisão é feita em reunião com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. A Anvisa ampliou o prazo de validade da vacina da Janssen, o que facilita a logística - inicialmente só haveria distribuição para as capitais. O secretário executivo da Saúde de São Paulo, Eduardo Ribeiro, adiantou que a vacina de dose única será distribuída entre todas as cidades do Estado.