BRASÍLIA - Todos os contratos de exportação de alimentos do Brasil firmados até aqui para fornecimento de produtos nacionais a outros países serão atendidos, sem riscos de corte, segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
"Não temos risco de desabastecimento local. Nossa situação é favorável. Vamos cumprir todos os contratos com outros países, em sua totalidade. Não temos nenhum motivo para se preocupar com isso. Todos os acordos internacionais não correm riscos", disse ao Estado.
A informação é um alívio para muitos países que têm no Brasil um parceiro na venda de alimentos. Nesta quarta-feira, 1, líderes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgaram um comunicado conjunto, para alertar que existe um risco de "escassez de alimentos" no mercado mundial, por causa das perturbações provocadas pelo impacto da pandemia de coronavírus no comércio internacional e nas cadeias de abastecimento.
O documento, destinado à ONU, adverte que as incertezas provocadas pelo cenário de crise "podem gerar uma onda de restrições à exportação", o que pode provocar uma "escassez no mercado mundial". O texto é assinado por Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS, Qu Dongyu, dirigente da FAO, e o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor geral da OMC.
Tereza Cristina disse que, diferentemente da Europa, o Brasil está no momento de colher sua safra, a qual tem registrado volumes recordes. "Nós estamos no meio da safra, enquanto a Europa já colheu. Eles, agora, é que tem que plantar, por isso é mais delicado. Eles estão com problemas com caminhão e podem não ter insumos para fazer as lavouras. O ciclo deles é diferente do nosso. Nós estamos nos trópicos, em clima temperado", disse a ministra. "O Brasil é autossuficiente na maioria absoluta dos produtos que nossa população precisa, inclusive, temos sobra disso."
Demanda
A crise da covid-19 tem feito com que países asiáticos passem a procurar o Brasil para suprimento local. Na quinta, 2, Cingapura pediu liberação para importar produtos brasileiros. As demandas envolvem carne e seja. "O que precisamos é ter o porto funcionando, os caminhões, para poder fazer isso", disse Cristina. "Hoje, nosso trabalho na área nacional e internacional, é tentar viabilizar uma forma para que os produtos cheguem. Primeiro, nossa prioridade é o abastecimento interno. Temos que pensar no Brasil. Mas vamos garantir todas as demandas internacionais."
A preocupação externa é que, com a desaceleração da circulação de trabalhadores da indústria agrícola e alimentícia, e com os atrasos na circulação de contêineres de mercadorias entre as fronteiras, ocorra um desperdício de produtos perecíveis.