Uruguai estende restrições e suspende aulas até fim de abril

Medidas ficariam em vigor até dia 12 deste mês; governo espera alívio do sistema de saúde com vacinação

8 abr 2021 - 08h15

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, anunciou nesta quarta-feira que vai prorrogar as atuais medidas contra a covid-19 até o final de abril. Entre as restrições estão a suspensão das aulas presenciais e de shows públicos. Com a decisão, o governo resiste às pressões de diversos setores para impor restrições mais severas.

Foto: fdr

As medidas anunciadas em 23 de março, inicialmente em vigor até o dia 12 deste mês, vão ser estendidas até 30 de abril. O anúncio foi feito em entrevista coletiva na sede presidencial em Montevidéu, após reunião de Lacalle Pou com a comissão de especialistas que assessoram o governo sobre a pandemia.

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O pacote de restrições para conter o aumento de infecções e mortes inclui o fechamento de todos os órgãos públicos (exceto serviços essenciais), a suspensão de espetáculos públicos, o fechamento de academias e free-shops na fronteira, assim como a suspensão de festas e eventos sociais.

Estabelecer essa data para "proteger abril", como recomendam os especialistas, "não é um capricho", disse Lacalle Pou.

"Presume-se que por volta do final de abril poderemos começar a ver as consequências do plano de vacinação", disse o presidente.

Até o momento, cerca de 20% da população uruguaia já recebeu a primeira ou segunda dose das vacinas Pfizer e Sinovac.

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Segundo o presidente, até a última semana de abril serão 860 mil vacinados com a primeira dose do imunizante produzido pela Sinovac e, no final do mês, 550 mil totalmente inoculados. A isso se somam o pessoal de saúde e outros grupos vacinados com a vacina da Pfizer.

Quanto às aulas, Lacalle Pou afirmou que "foi aprovado o prosseguimento das [turmas] não presenciais até pelo menos segunda-feira, 3 de maio". A retomada gradativa estava prevista para depois da Páscoa, embora sem data precisa.

Antes considerado um exemplo de gestão da emergência sanitária na região, o Uruguai se tornou um dos países com mais infecções em proporção à sua população de 3,5 milhões de pessoas.

Em seu pior momento desde o início da pandemia, o país registrou um recorde de 3.935 infecções em 24 horas e 40 mortes na quarta-feira. Esta semana também registrou números sem precedentes de mortes na segunda e terça-feira, com 45 mortes por dia.

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"As mortes aumentaram significativamente", lamentou o presidente, afirmando que este é "o momento em que as medidas devem entrar em vigor".

Desde o início da crise sanitária, o Uruguai registrou mais de 126 mil casos e 1.231 mortes por coronavírus. A maior parte dos óbitos são recentes: enquanto entre março de 2020 e dezembro houve apenas 181 mortes, nos primeiros três meses de 2021 mais de 800 mortes foram confirmadas.

Nesta quarta-feira, o presidente pediu a redução da mobilidade, mas sem anunciar medidas severas, como cada vez mais pedem cientistas, adversários e até parceiros políticos.

Desde o início da pandemia, o governo se recusou a aplicar a quarentena obrigatória, apelando para a "liberdade responsável" dos cidadãos.

Fiel a essa ideia, na quarta-feira, Lacalle Pou se opôs à imposição de toque de recolher, medida adotada em outros países, incluindo a Argentina, à noite.

Por outro lado, destacou que já existem normas para evitar multidões e festas clandestinas, e comparou-o com um trabalhador rural que sai para trabalhar de madrugada, por rejeitar o "estado policial", como definiu em várias ocasiões.

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Vozes a favor da mobilidade reduzida e outras medidas mais restritivas afirmam que pode haver um colapso do sistema de saúde. De acordo com a Sociedade Uruguaia de Medicina Intensiva (Sumi), há uma ocupação total de 76% dos leitos de UTI, embora 48% correspondam a pacientes com covid-19.

Lacalle Pou indicou que ainda existem 933 leitos disponíveis e 88 mais podem ser adicionados.

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