"Crime organizado é incontrolável se não houver pacto federativo", afirma Lula

31 out 2024 - 20h29

O crescimento do crime organizado no Brasil tem se tornado uma preocupação central para o governo e a sociedade. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há uma necessidade urgente de um pacto federativo que envolva todos os poderes da federação para enfrentar essa ameaça. O crime organizado, frequentemente associado a facções como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC), tem ampliado sua influência em diversos setores da sociedade.

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: depositphotos.com / thenews2.com / Perfil Brasil

Durante uma reunião com governadores e ministros, Lula destacou que essas organizações estão presentes em quase todos os estados do Brasil, interferindo até mesmo em processos políticos. "É incontrolável se não houver pacto federativo que envolva todos os poderes da federação, todos os poderes que estão envolvidos direta ou indiretamente nisso. Logo, logo, o crime organizado vai estar prestando concurso, indicando juiz, procurador, político", afirmou.

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O crime organizado tem alcançado um grau de sofisticação que antigamente não era observado. De acordo com Lula, a possibilidade dessas facções elegerem representantes políticos e influenciarem instituições públicas é um sinal claro de seu poder crescente. A preocupação é que essas organizações consigam, eventualmente, intervir em processos judiciais e administrativos, colocando em risco a integridade de funções essenciais do Estado.

O envolvimento em eleições locais e a capacidade de direcionar candidatos a cargos importantes são exemplos de como o crime organizado procura estabelecer raízes mais profundas na sociedade. Essa intervenção direta nos sistemas político e institucional representa um aumento significativo nos desafios enfrentados pelas autoridades na luta contra essas facções.

Como combater o crime organizado de forma eficaz?

A proposta de criar um Sistema Único de Segurança Pública, análogo ao Sistema Único de Saúde (SUS), é uma medida considerada crucial pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Esta proposta busca estabelecer uma base legal unificada, que permita a definição de diretrizes nacionais para a segurança pública e a integração de dados entre as diferentes forças policiais.

  • Integração das Polícias: A proposta sugere um esforço conjunto entre as polícias estaduais e a Polícia Federal, para uma ação coordenada e eficaz.
  • Diretrizes Nacionais: Estabelecer orientações claras que todas as unidades federativas devem seguir.
  • Base Legal: Criar suporte jurídico para ações que envolvam diferentes estados e a cooperação interinstitucional.

Com essa estrutura, espera-se uma abordagem mais unificada e estratégica para a prevenção e o combate ao crime organizado no país.

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A implementação de uma proposta como o Sistema Único de Segurança Pública enfrenta desafios consideráveis. Um dos principais obstáculos mencionados por Lula são as incongruências entre a ação policial e as decisões judiciais. Muitas vezes, a polícia se depara com a dificuldade de ver criminosos que prenderam serem soltos rapidamente pela Justiça. Esse desalinhamento entre a função repressiva e a judicial é uma barreira significativa no combate ao crime organizado.

Outro desafio é a resistência que pode surgir de diferentes autores dentro do sistema de segurança, como as guardas municipais que atuam com certa autonomia. A harmonia entre as diversas forças e suas respectivas jurisdições é vital para uma estratégia eficaz.

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