O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), começou o ano na ofensiva. Insinuou que o governo Lula fez “vista grossa” aos atentados terroristas em Brasília. E, sem nenhum deputado eleito do próprio partido, tentou eleger um parlamentar fiel a seu projeto de poder para a presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Não deu certo.
Acabou eleito hoje para o comando do Legislativo o deputado estadual Tadeu Martins Leite (MDB), conhecido como "Tadeuzinho", que não teve adversários e prometeu manter independência ao governo estadual.
“Zema está muito ansioso com a próxima eleição presidencial. Ele tem legitimidade de querer se construir como alternativa. Mas erra na forma e no tempo, por questões infantis como essa coisa de insinuar que o governo federal facilitou invasão. Isso é coisa de moleque. Não é coisa de homem sério e estadista”, criticou o deputado estadual Cristiano Silveira (PT-MG). “A pretensão política é legítima, mas o interesse do estado tem que ser maior. Há um monte de coisa que precisa ser feita com o governo federal”, acrescenta.
O governador mineiro saiu derrotado na Assembleia Legislativa depois que seu secretariado entrou na disputa para eleger o ex-líder do governo, Roberto Andrade (Patriota), para o comando da ALMG.
A candidatura do aliado naufragou e o governo Zema tentou então turbinar a candidatura de Duarte Bechir (PSD) contra “Tadeuzinho”. Também não conseguiu e ainda deixou riscos jurídicos no caminho.
Isso porque, no afã de pedir votos para a chapa preferida por Zema, o secretário de governo, Igor Eto, acabou acusado de chantagear um oficial da Polícia Militar.
A acusação foi feita porque o coronel Marco Aurélio Zancanela do Carmo foi anunciado como o novo chefe do Estado-Maior da Polícia Militar, em nota oficial do Governo de Minas Gerais.
Só que depois da nomeação o coronel disse que foi procurado pelo secretário de governo e comunicado de que só assumiria o cargo se conseguisse uma gravação do deputado Cristiano Caporezzo (PL), em que este parlamentar se comprometesse a votar no candidato do governo Zema para a presidência da Assembleia Legislativa.
Caporezzo tinha indicado o coronel Zancanela para o novo cargo. Agora, deputados querem investigar o secretário de Zema pelo que consideram “extorsão”.
“Zema tentou emplacar um candidato que colocaria o Legislativo subordinado a ele. O jogo foi muito pesado, mas ele só colecionou derrotas”, diz Silveira (PT).
No topo da agenda legislativa de Zema está a tentativa de privatizar estatais mineiras, como a Cemig e a Copasa.