A promotoria precisou utilizar o Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro da instituição para analisar a movimentação de mais de 30 contas bancárias possivelmente utilizadas pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho “zero dois” do ex-presidente Jair Bolsonaro, na suspeita de “rachadinha”, como é chamado o esquema de corrupção pelo qual possivelmente foram desviadas verbas públicas que deveriam ser usadas para pagar funcionários da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
O vereador partiu para os Estados Unidos no dia 23 de dezembro e ainda não voltou ao trabalho. Foram retomadas no dia 15 de fevereiro as sessões do plenário da Câmara Municipal do Rio.
A movimentação financeira de Carlos começou a ser analisada no laboratório da promotoria no ano passado. Além de Carlos, 26 pessoas ligadas a ele tiveram quebrados o sigilo bancário e fiscal. Também são investigadas contas bancárias de sete empresas. O caso é analisado na 1ª Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
O MP investiga se Carlos Bolsonaro recebeu de volta parte dos salários de funcionários que trabalharam em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio, onde é vereador desde 2001. É o mesmo tipo de crime pelo qual também é investigado o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o irmão mais velho de Carlos.
A investigação apura especialmente se Carlos usou funcionários fantasmas para desviar verbas públicas em proveito próprio. A suspeita é que assessores sacavam parte do salário e que esses recursos sacados eram usados no pagamento de despesas pessoais e na compra de bens para Carlos.
Auxiliares de Carlos foram interrogados pela promotoria durante a investigação. Ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle é uma das pessoas investigadas no caso. Ela foi chefe de gabinete do vereador entre o início de 2001 e abril de 2008, quando se separou do ex-presidente da República.