Um levantamento da Polícia Federal, obtido pela coluna, escancara a farra do garimpo no governo de Jair Bolsonaro (PL). Só no ano passado garimpeiros foram pegos com 398 toneladas de cassiterita no estado de Roraima. Esses recursos minerais foram ilegalmente extraídos da Terra Indígena (TI) Yanomami e outras reservas indígenas.
É como se pouco mais de 1 tonelada de cassiterita tivesse sido pilhada por dia em Roraima no ano passado. A cassiterita é a principal fonte de estanho, metal aplicado em revestimentos de latas e em soldas eletrônicas. Uma tonelada de estanho é vendida por cerca US$ 27 mil no mercado internacional. Daí a cobiça dos garimpeiros.
Se 398 toneladas foram apreendidas em 67 ocorrências policiais, especialistas apontam que ainda mais recursos naturais foram ilegalmente extraídos das reservas indígenas de Roraima. Essa cifra envergonha e impressiona, mas mostra o avanço do garimpo em Roraima no governo Bolsonaro.
Em 2021, tinham sido apreendidas 32,6 toneladas de cassiterita durante todo o ano. Em 2020, tinham sido recuperados 702 kg do mineral.
A maior apreensão de cassiterita em Roraima foi feita em 11 de fevereiro do ano passado: 70 toneladas.
Os garimpeiros extraem cassiterita principalmente da TI Yanomami. Em menor quantidade, conseguem também ouro. Nesse rastro de ilegalidades e crimes, o garimpo destrói rios e florestas, o que provoca doenças e desnutrição. Toda essa destruição foi ainda mais agravada porque o governo Bolsonaro não enviou cestas básicas e socorro para os Yanomami, de acordo com denúncias de representantes de povos indígenas.
O levantamento da PF mostra que forças policiais só acharam 26 kg de ouro com criminosos em Roraima, durante todo o ano passado, em 91 ocorrências de apreensões.
Embora não seja possível avaliar com precisão as diferenças na quantidade de material extraído por criminosos, há razões geológicas que explicam a maior prevalência de cassiterita nas apreensões policiais. Isso ocorre porque existe maior concentração desse minério nos leitos e barrancos de rios de Roraima. Não à toa esse minério foi apelidado de “ouro negro”.
A farra do garimpo ainda não acabou. Neste ano, até o fim de fevereiro, já tinham sido apreendidas 15 toneladas de cassiterita em Roraima.