DeepSeek R1: o que se sabe sobre IA lançada pela China?

27 jan 2025 - 12h52

O lançamento do modelo chinês de inteligência artificial DeepSeek R1 está redefinindo os paradigmas tradicionais de desenvolvimento de chatbots. O assistente gratuito foi disponibilizado na última segunda-feira (20), e provocou um recuo de até 3% na Nasdaq uma semana depois. O impacto foi sentido também na Bolsa de Nova York, com queda nas ações de empresas de tech como Nvidia.

Foto: depositphotos.com / Mojahid_Mottakin / Perfil Brasil

Desenvolvido com um orçamento marcadamente menor que seus concorrentes internacionais, este modelo de código aberto tem demonstrado capacidades comparáveis ao ChatGPT, mas com um custo que representa apenas uma fração do investimento da OpenAI. Essa revolução tecnológica está gerando uma corrida entre desenvolvedores e especialistas, que agora consideram o DeepSeek R1 como um movimento estratégico significativo no cenário global de inteligência artificial.

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A popularidade do DeepSeek R1 está evidenciada em sua alta taxa de downloads, superando 109 mil na plataforma HuggingFace. Este fenômeno foi interpretado por muitos como o "momento Sputnik" da inteligência artificial, sinalizando um novo capítulo na competição tecnológica entre China e Estados Unidos. Enquanto alguns analistas questionam a sustentabilidade deste avanço, outros veem na plataforma uma oportunidade de democratizar o acesso à inteligência artificial de ponta.

Qual é o diferencial do DeepSeek R1?

O DeepSeek R1 destaca-se principalmente por sua abordagem inovadora de engenharia, que desafia práticas convencionais utilizadas em modelos de IA. Em vez de se apoiar predominantemente no aprendizado supervisionado, o DeepSeek integrou com sucesso o aprendizado por reforço no centro de sua estratégia de treinamento. Essa mudança permite que a IA desenvolva capacidades de raciocínio autônomas, sem depender estritamente de conjuntos de dados pré-definidos, um fator que pode muitas vezes introduzir vieses e fragilidades nos modelos.

Durante a fase de desenvolvimento, uma versão intermediária do bom modelo, chamada DeepSeek-R1-Zero, demonstrou capacidades notáveis de alocar mais recursos a problemas complexos. Esse progresso foi identificado como um marco significativo, reforçando o potencial do modelo de alcançar soluções inovadoras que se aproximam de um raciocínio humano.

Como a DeepSeek desafia as Big Techs?

A inovação incorporada pelo DeepSeek R1 representa um desafio direto aos modelos proprietários estabelecidos no mercado. O diferencial de custo acessível do DeepSeek e suas capacidades competitivas proporcionam uma chance única para empresas menores participarem da corrida tecnológica sem a necessidade de enormes investimentos em infraestrutura. Essa acessibilidade pode promover uma maior diversidade de inovações e aplicações de IA.

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Além disso, a transparência do modelo contrasta com a abordagem dos modelos fechados de grandes corporações, que muitas vezes ocultam seus processos internos. Essa abertura possibilita um ambiente mais colaborativo, onde os desenvolvedores podem identificar e corrigir erros com maior facilidade, aumentando a confiabilidade e a segurança da implementação da inteligência artificial em diversas aplicações.

Quais são as controvérsias em torno do DeepSeek R1?

A despeito de seu sucesso, o DeepSeek R1 levantou preocupações sobre possíveis vieses embutidos, dado seu desenvolvimento na China. Existem relatos de omissões de tópicos considerados sensíveis, como o Massacre da Praça da Paz Celestial, o que gera debates sobre o grau de imparcialidade do modelo. No entanto, defensores argumentam que esses vieses não são exclusivos do DeepSeek, visto que modelos de empresas ocidentais também apresentam limitações similares.

Adicionalmente, a classificação do DeepSeek como open source tem sido questionada, uma vez que a empresa ainda não detalhou completamente os datasets utilizados para treinamento. Essa falta de transparência levanta dúvidas sobre a real abertura do projeto, embora o modelo continue a ser uma referência importante na discussão sobre a evolução e acessibilidade da inteligência artificial.

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