A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que enviou a suposta minuta do golpe de Estado para Bolsonaro para que ele "pudesse tomar conhecimento do material dos referidos arquivos". O ex-presidente ainda só teria tomado conhecimento das minutas do golpe em outubro de 2023.
Os documentos, que anunciam a decretação de um Estado de Sítio e da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no País, foram encontrados no escritório de Bolsonaro, na sede do Partido Liberal (PL), nesta quinta-feira, 8, durante operação da Polícia Federal (PF). As informações são do Metrópoles.
“Trata-se, portanto, de documento que já integrava a investigação há tempos e cujo acesso foi dado ao ex-presidente por seu advogado, vez que, repita-se desconhecia, até então, sua existência e conteúdo”, disse a defesa de Bolsonaro, composta por Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fábio Wajngarten.
Ainda segundo os advogados, o ex-presidente só teve conhecimento dos documentos após as investigações, no ano passado, que encontraram possíveis minutas de decretos de Estado de Sítio, no celular de Mauro Cid.
Operação Tempus Veritatis
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 8, uma operação que mira aliados militares ou políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os alvos de buscas, estavam o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Braga Netto, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O Supremo Tribunal Federal (STF) também determinou que Bolsonaro entregasse o passaporte em até 24 horas. A ordem já foi cumprida.
Foram presos na operação, Filipe Martins (ex-assessor especial de Bolsonaro), Marcelo Câmara (coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família do ex-presidente), Rafael Martins (major das Forças Especiais do Exército) e Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército.
Ao todo, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do País, com entrega dos passaportes e suspensão do exercício de funções públicas.
As medidas judiciais, expedidas pelo STF, ocorreram nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados.
O general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e Valdemar Costa Neto, presidente do PL, também foram alvos de buscas. Costa Neto acabou preso em flagrante por porte ilegal de arma.