O ex-ajudante de ordens Mauro Cid relatou em depoimento à Polícia Federal (PF) que, logo após a derrota no segundo turno da eleição, o então presidente Jair Bolsonaro recebeu das mãos do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários.
O militar também disse que Bolsonaro se reuniu com o alto escalão das Forças Armadas para consultar militares sobre o plano proposto. As informações foram reveladas pelo site UOL nesta quinta-feira 21, no âmbito da delação premiada do ex-ajudante de ordens.
Segundo o relato de Mauro Cid, que é tenente-coronel do Exército, Bolsonaro submeteu o teor do documento em conversa com militares de alta patente. O delator disse ainda que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, manifestou-se favoravelmente ao plano golpista durante as conversas de bastidores, mas não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas.
O relato consta em um dos anexos com depoimentos já prestados pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na delação, de acordo com duas fontes que acompanharam as negociações. Cid contou aos investigadores que testemunhou tanto a reunião em que Martins teria entregue o documento a Bolsonaro quanto a do então presidente com militares.
O capítulo da delação premiada sobre as tratativas golpistas foi o que mais despertou o interesse da PF. Em razão destes detalhes inéditos, os investigadores decidiram assinar o acordo de colaboração, que foi conduzido pelo advogado Cezar Bitencourt e homologado no último dia 9 pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Uma das suspeitas dos investigadores é que essas articulações culminaram nos atos golpistas do 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes.
Mauro Cid, que estava preso desde maio após uma operação da PF que tinha como objeto a falsificação de cartões de vacinação, deixou a prisão após a homologação do acordo. O tenente-coronel apresentou informações sobre outros temas, como o esquema de venda de joias e as suspeitas de desvios de recursos públicos do Palácio do Planalto.
SEM ANISTIA! Braga Netto tem SIGILO TELEFÕNICO QUEBRADO por investigação de fraude na época da intervenção do Rio. Além disso, delação do Mauro Cid deve citar General Heleno, Ramos, Pazuello e de novo Braga Netto. Os militares bolsogolpistas terão que pagar por seus CRIMES!
— Ivan Valente (@IvanValente) September 12, 2023