Democracia não pode ficar sujeita a variações do dólar por preferências eleitorais do mercado, diz Marina

23 ago 2018 - 20h22

A candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede) afirmou nesta quinta-feira que a democracia não pode ficar "sujeita" à influência das variações do câmbio por conta do cenário eleitoral.

Candidata à Presidência da Rede, Marina Silva, durante evento em São Paulo
20/08/2018 REUTERS/Paulo Whitaker
Candidata à Presidência da Rede, Marina Silva, durante evento em São Paulo 20/08/2018 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

Para a presidenciável, que participou de sabatina nesta quinta-feira organizada pela EBC e transmitida pela TV Brasil, o foco da campanha deveria ser o debate de ideias e não os movimentos do mercado cambial.

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"Acho que sempre que se tem uma eleição, aparece essa história de variação do dólar associado a 'se aquele candidato ganhar é um problema'", disse a candidata.

"Acho que a democracia não pode ficar sujeita a esse tipo de coisa. Na democracia a gente tem que debater ideias e ter a clareza de que os que criaram os problemas não vão resolver", afirmou Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde a semana passada, o dólar vem numa escalada cada vez mais intensa contra o real, subindo 6,64 por cento em sete pregões consecutivos, influenciado pelas dificuldades do candidato tucano Geraldo Alckmin, preferido pelo mercado financeiro, subir nas pesquisas de intenção de voto. Nesta terça-feira, a moeda norte-americana fechou cotada a 4,12 reais.

POLÍTICA ECONÔMICA

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Marina aproveitou para garantir que irá trabalhar pela "recuperação" do chamado tripé da estabilidade macroeconômica, implementado nos anos 1990 e consolidado na década seguinte.

"O Plano Real deu certo. E infelizmente ele foi descontinuado. É câmbio flutuante --com intervenção para não flutuar excessivamente, que é um mecanismo de proteção da nossa moeda e isso são os grandes economistas que dizem--, e ao mesmo tempo o superávit primário com meta de inflação", defendeu.

A recuperação da credibilidade do país, a partir dessa agenda mais ortodoxa na economia, poderá atrair investimentos para infraestrutura e construção civil, principalmente a voltada a moradias populares, aposta a candidata, ressaltando geração de empregos e estímulo ao turismo associados com o movimento.

Marina aproveitou para argumentar que políticas de preservação e recuperação do meio ambiente também podem ajudar na queda do índice de desemprego, citando que um processo de reflorestamento pode gerar até 200 postos de trabalho diretos e indiretos para cada hectare recuperado. A título de ilustração, a Amazônia registrou desmatamento de cerca de 695 mil hectares no ano passado.

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"Vamos, inclusive, fazer um milhão e meio de tetos solares para gerar emprego e renda para a nossa população", disse a candidata, sugerindo outra iniciativa verde para a geração de empregos.

Marina também reafirmou sua posição favorável à diversificação do crédito e ao cadastro positivo de bons pagadores, como formas de reduzir os juros cobrados dos consumidores.

A candidata, que tem histórico de militância em movimentos ambientais e sociais, disse ainda que o trabalhador não pode "pagar o preço sozinho" de eventuais mudanças na política de valorização do salário mínimo.

"Tem um dever de casa a ser feito, o exemplo tem que vir de cima. Não se pode convocar o povo a fazer um sacrifício quando aqueles que estão nos maiores postos estão envolvidos em graves casos de corrupção, e impunes em função do foro privilegiado", afirmou, citando ainda a iniciativa de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de aumentarem seus salários, que constituem o teto dos rendimentos do funcionalismo público.

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"Temos que pensar uma política de salário mínimo para corrigir a inflação, obviamente, e vamos trabalhar para o país crescer."

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