BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro procura nomes do novo Centrão do Senado para ocupar a vice-liderança do governo na Casa, vaga que está em aberto desde a saída do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal com dinheiro escondido na cueca, acusado de desviar recursos da covid-19. Trata-se de um cargo estratégico para o governo, já que o vice-líder é o responsável por auxiliar na articulação política do Palácio do Planalto com o Legislativo.
O governo deve indicar dois novos vice-líderes na Casa depois das eleições municipais, em novembro. A preferência está concentrada em nomes do PSD e do PL. Além do cargo deixado por Chico Rodrigues, existe a vaga que foi ocupada pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF). O tucano saiu da vice-liderança em setembro, após votar contra um veto de Bolsonaro que barrava o reajuste de servidores públicos.
Conforme o Estadão/Broadcast apurou, uma das vagas foi oferecida ao PSD, partido do ex-ministro Gilberto Kassab, que tem a segunda maior bancada do Senado, com 11 integrantes. O nome cotado é o do senador Carlos Fávaro (PSD-MT). A outra cadeira de vice-líder deve ficar com o PL, que integra o Centrão e já faz parte da liderança do governo na Câmara, mas no Senado é menor, com apenas dois senadores. O nome cotado é o do senador Jorginho Mello (PL-SC).
Conforme o Estadão/Broadcast revelou na semana passada, o Senado tem agora um Centrão para chamar de seu. A formação do grupo envolve negociações para a reeleição do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), filiação de senadores e tratativas para a distribuição de cargos e verbas no governo do presidente Jair Bolsonaro. E é dentro desse grupo que Bolsonaro procura senadores para a articulação política.
Após as eleições municipais, o governo tentará votar no Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, que prevê corte de gastos públicos e deve criar o programa Renda Cidadã, aposta de Bolsonaro para substituir o auxílio emergencial e turbinar o Bolsa Família em 2021. Neste caso, o Palácio do Planalto age para reformar a base na Casa e tirar o projeto do papel.
O PSD, apesar de ser liderado pelo senador Otto Alencar (BA), crítico do governo, tem maioria próxima ao Palácio do Planalto. Carlos Fávaro (PSD-MT) é cotado para ser vice-líder. Para isso, porém, precisará ser eleito na eleição suplementar de Mato Grosso em novembro. Ele ocupa um mandato tampão, após a cassação da ex-senadora Juíza Selma (Pode-MT) e é candidato a permanecer no cargo.
Na última sexta-feira, 23, o presidente Jair Bolsonaro conversou com o senador Jorginho Mello (PL-SC) sobre a vice-liderança, em uma reunião no Palácio do Planalto. Mello tem servido de base para o governo no Senado. Por outro lado, participou das articulações para o afastamento do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), que rompeu com Bolsonaro e agora ficará fora do cargo por até 180 dias. Bolsonaro e Jorginho Mello devem se reunir mais uma vez na próxima terça-feira, 3, para dar andamento à negociação.
Em aceno ao parlamentar, Bolsonaro deu aval para uma terceira fase do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), proposta apresentada pelo senador catarinense e que depende de votação no Congresso e sanção presidencial. Ao Broadcast Político/Estadão, Mello confirmou as conversas, mas pontuou que este não é o foco no momento. "Tenho que trabalhar, cuidar do partido no Estado e ainda tem a eleição municipal".
Outro nome que circula na bolsa de apostas para a vice-liderança do governo no Senado é o da senadora Kátia Abreu (PP-TO). Candidata a vice-presidente da República de Ciro Gomes (PDT) e adversária de Bolsonaro em 2018, a senadora trocou o PDT pelo Progressistas e agora compõe a base do governo no Senado, sendo uma das expoentes do Centrão da Casa. A disposição do Palácio do Planalto, porém, não é dar mais uma vaga para o PP, que já tem o senador Elmano Férrer (PI) na vice-liderança."Por enquanto não resolvemos nada. Só depois das eleições", afirmou o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).