Deputado republicano pede desculpas após revelar espionagem

23 mar 2017 - 16h08
(atualizado às 16h50)

Após dizer que conversas de Trump foram interceptadas por agências dos EUA, Devin Nunes retrata-se a democratas que o criticaram por ter repassado informação à imprensa e ao presidente antes de levar caso à Câmara.

O chefe do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, o republicano Devin Nunes
O chefe do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, o republicano Devin Nunes
Foto: Reuters

O chefe do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, o republicano Devin Nunes, desculpou-se nesta quinta-feira (23/03) pela forma com que lidou com as alegações de que agências de inteligências americanas teriam interceptado conversas do presidente Donald Trump.

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Na véspera, o deputado convocou uma coletiva de imprensa para informar que comunicações entre o líder americano e membros de sua equipe de transição teriam sido incluídas "inadvertidamente" em relatórios de inteligência. Antes disso, o político informou o próprio presidente sobre a situação.

A atitude foi duramente criticada por colegas democratas, que condenaram o fato de a informação ter sido divulgada a Trump e à imprensa antes de ser levada ao Comitê de Inteligência para análise.

Adam Schiff, principal representante democrata na comissão da Câmara, declarou que "uma investigação credível não pode ser conduzida dessa forma" - Nunes lidera uma investigação sobre as possíveis ligações entre a campanha presidencial do republicano e o governo da Rússia.

"Às vezes você toma a decisão certa, às vezes você toma a decisão errada", reconheceu Nunes em conversa com repórteres nesta quinta-feira. "Mas é preciso sustentar a decisão que você toma."

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Um assessor republicano do Comitê de Inteligência confirmou que o deputado pediu desculpas pessoalmente aos colegas democratas por não tê-los informado sobre o caso antecipadamente.

"Ele se desculpou à minoria [democratas] no comitê por ter levado a público e à Casa Branca seu anúncio sem antes ter compartilhado a informação com eles. Ele se comprometeu a trabalhar e a compartilhar informações com eles sobre a questão", disse o assessor à agência de notícias Reuters.

O caso

Nunes afirmou nesta quarta-feira que conversas do presidente dos Estados podem ter sido interceptadas por agências de inteligência americanas entre novembro do ano passado e janeiro deste ano, justamente entre a vitória eleitoral de Trump e a cerimônia de posse. As informações foram coletadas por acaso em escutas legais voltadas a investigações de suspeitos estrangeiros, disse ele.

Embora as regras determinem que informações sobre americanos coletadas incidentalmente sejam suprimidas de relatórios, o conteúdo das conversas teria sido "amplamente divulgado" nos círculos de inteligência dos EUA, informou o deputado a jornalistas em frente à Casa Branca.

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Nunes afirmou ainda que as comunicações interceptadas não têm ligações com a Rússia e aparentam ter "pouco ou nenhum valor para a inteligência". Ele também negou que haja algum indício de que o ex-presidente Barack Obama tenha ordenado o monitoramento, como acusou Trump recentemente, ou mesmo que o presidente fosse o alvo pretendido das interceptações.

EK/ap/rtr/dw

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