Detalhes da morte de Adriano devem sair na próxima semana

Ex-PM do Bope do Rio, Adriano é suspeito de chefiar a milícia Escritório do Crime, investigada pela execução da vereadora Marielle Franco

29 fev 2020 - 09h22
(atualizado às 09h44)

BRASÍLIA - Detalhes sobre as circunstâncias da morte do ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega, o "capitão Adriano", devem ser revelados na próxima semana, com conclusão de laudos periciais solicitados pela defesa dele e pelo Ministério Público da Bahia.

Ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como líder do grupo miliciano Escritório do Crime, foi morto neste domingo, 9
Ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como líder do grupo miliciano Escritório do Crime, foi morto neste domingo, 9
Foto: Polícia Civil

Uma nova necropsia foi realizada antes do Carnaval, na quinta-feira, dia 20, por peritos da Bahia enviados ao Instituto Médico Legal (IML) do Rio, onde o cadáver era conservado numa câmara refrigerada. Um dia depois, o corpo foi sepultado em cerimônia discreta num cemitério do Rio.

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O prazo de 15 dias para o laudo complementar ser oficialmente enviado à Justiça da Bahia vence na próxima semana. O exame ocorreu com ordem judicial, a pedido de promotores de Justiça que atuam em Esplanada (BA), zona rural em que "capitão Adriano" morreu fuzilado no dia 9 de fevereiro, após supostamente revidar com tiros uma operação para prendê-lo.

Além disso, peritos contratados pela família do ex-policial receberam 10 dias para apresentar um laudo de exame cadavérico particular. A defesa não quer usar todo o prazo, mas só pretende apresentar suas conclusões após analisar o novo laudo requisitado pelo MP baiano.

O advogado Paulo Emílio Catta Preta, defensor de "capitão Adriano" na ação penal da Operação Os Intocáveis, contra a milícia da favela de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, também aguarda que a Secretaria de Segurança Pública da Bahia anexe a um procedimento de apuração da Polícia Civil as gravações de diálogos feitos por rádios transmissores usados pelos policiais a cargo da operação policial e um exame papiloscópico (coleta de impressões digitais) nas munições não deflagradas encontradas na pistola 9 mm cuja posse é atribuída a Adriano.

Ex-PM do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio, ele é suspeito de chefiar a milícia Escritório do Crime, investigada pela execução da vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018. O ex-policial militar teve a mãe e uma ex-mulher empregadas no gabinete de deputado estadual do atual senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho mais velho do presidente da República, Jair Bolsonaro. Elas aparecem na investigação sobre apropriação de salários de funcionários no antigo gabinete do senador.

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O presidente já se referiu ao "capitão Adriano" como "herói". O clã Bolsonaro cobrou investigação independente do caso e lançou suspeitas de que ele tenha sido torturado e morto como "queima de arquivo".

Familiares do ex-PM e a então companheira, Julia Lotufo, ainda guardam discrição e memórias do ex-PM e não se pronunciaram sobre o caso. Dias antes da morte na Bahia, tanto capitão Adriano quanto Julia disseram que ele temia ser assassinado em vez de preso, de acordo com o advogado. "Com as repercussões sobre os arquivos que ele poderia revelar, a família fica um pouco receosa, mas não estão sob proteção", diz Catta Preta.

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