Curso ensina a tomar decisões estratégicas na era digital

Apenas 30% dos executivos consideram boas suas decisões, afirmam especialistas

10 set 2019 - 11h32
(atualizado às 12h38)

Uma pesquisa feita pela McKinsey Quarterly com 2.207 executivos, apontou que apenas 28% consideram que a qualidade das decisões estratégicas em suas empresas era geralmente boa, 60% acharam que más decisões eram tão frequentes quanto as boas e os 12% restantes pensaram que boas decisões eram pouco frequentes.

Foto: DINO / DINO

Com base nestes dados, e em suas próprias pesquisas, os professores Marco Aurélio Morsch, MSc e Keitiline Viacava, PhD, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, decidiram desenvolver e lançar o curso de extensão Strategic Mindset 4.0 que acontecerá nos dias 28/09 e 05/10, em São Paulo. Detalhes no link: https://www.mackenzie.br/cursos-curta-duracao/sao-paulo-higienopolis/estrategia-e-inovacao/strategic-mindset-40/

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Segundo Marco Morsch, que é coordenador do programa, fundador e CEO da Morsch Consulting, a baixa qualidade das decisões e até mesmo decisões erradas ou fatais estão relacionadas aos vieses cognitivos.

Entender os diferentes tipos de vieses e como eles influenciam o processo mental de julgamentos e tomada de decisão é fundamental para fazermos escolhas estratégicas com impacto sobre o futuro das organizações. Ainda mais em ambientes de elevada complexidade, ambiguidade e incerteza na era disruptiva da economia 4.0.

Recentes estudos sobre como tomamos decisões revelam que usamos atalhos mentais no processo seleção de informações (heurística) para facilitar nossa escolha, frequentemente induzindo a vieses. Atitudes de excesso de confiança, ilusão de controle, viés de ancoragem, familiaridade ou desvalorização das recompensas futuras são apenas alguns exemplos.

Era digital e contexto VUCA predispõe a vieses

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A economia digital requer a ampliação da capacidade de avaliação das informações e desafia a cognição de gestores e estrategistas nas organizações. O desafio é especialmente maior em função da exigência de uma quantidade ampla de julgamentos e heurísticas gerada nesse contexto, além da inclusão das preferências e valores individuais no processo decisório. Entender sobre como computamos esses sinais do ambiente de maneira automática na nossa mente e de que forma derivamos decisões planejadas é o primeiro passo para encontrar flexibilidade cognitiva e aliviar a carga mental na liderança em tempos de incertezas.

Diante dessa necessidade de apoiar as lideranças a lidar com os problemas complexos na era digital, aliado ao excelente momento para se incluir conhecimentos sobre cognição humana como parte integrante do desenvolvimento, os professores pensaram em um programa específico e inovador para auxiliar gestores, líderes e empreendedores para ampliar o mindset estratégico e redirecionar os vieses no contexto da era digital e do mundo VUCA.

De acordo com a professora Keitiline Viacava, que é pós-doutora em neurociência cognitiva pela Georgetown University em Washington, DC, professora convidada do programa, e diretora de educação executiva e pesquisa no Decision Making Lab, o diferencial está em notar que enquanto alguns apontam os vieses cognitivos como algo negativo e que deve ser evitado, outros buscam agilidade na tomada de decisões por essa mesma via, onde encontram vantagem competitiva para lidar com os desafios da economia digital. "[...] Se vieses fossem ruins, a seleção natural teria encontrado uma forma de eliminá-los", completa ela.

Uma pesquisa divulgada no destacado caderno especial da Science Magazine em 2012 demonstra que o que ocorre é exatamente o contrário: mais de 95% dos nossos comportamentos são automáticos, guiados pelo hábito ou disparados por estímulos sem nos darmos conta.

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Líderes não estão isentos desse padrão e, por consequência, não conseguem ficar atentos a tudo o que acontece a sua volta, pois isso os conduziriam ao colapso diante do excessivo volume de informações da era digital. Como alternativa, elegem apenas o que é relevante, apoiados por processos cognitivos básicos que permitem selecionar, processar e armazenar o que é útil na ponderação de riscos e recompensas. "[...] É preciso conhecer sobre os mecanismos e motivações que estão por trás dos nossos comportamentos automáticos (ou vieses) e a partir daí facilitar ações guiadas a objetivos", destaca a professora.

Na era do Big Data, é muito importante separar o sinal do ruído, explica o professor Morsch. "[...] Para fazer uma boa análise dos dados e um julgamento correto, os tomadores de decisão precisam levar em consideração esses vieses automáticos, os preconceitos e os comportamentos condicionados que extrapolam a racionalidade. Este conjunto de conhecimentos, que integra áreas como economia comportamental e neurociência cognitiva, tem auxiliado muito os profissionais de estratégia, marketing, TI, finanças e gestão de pessoas, por exemplo. Estrategistas podem se beneficiar para decidir melhor sobre fusões e aquisições, novas tecnologias, lançamentos de novos produtos, rebranding, reestruturações, change management e novos investimentos, entre outras", conclui o professor.

Decidindo entre o fracasso e o Oceano Azul

Em suas pesquisas e trabalhos junto as empresas, o professor Morsch tem encontrado diversos casos onde a alta direção apresenta vieses cognitivos de decisão por causa de comportamentos automáticos. Segundo Morsch, empresas de qualquer tamanho ou setor não estão imunes a fracassar por sofrer do que ele denomina "paralisia de paradigma". Para o professor, foi isso que levou ao fracasso gigantes como Kodak, Blockbuster e Blackberry. "É uma miopia cognitiva que tem matado empresas diariamente", afirma o ele.

Por outro lado, várias empresas têm conseguido romper paradigmas e pensar diferente, não se deixando influenciar pelos vieses cognitivos e ficando presos a paralisia de paradigma. Morsch lembra o best seller "O Oceano Azul", de W. Chan Kim e Renée Mauborgne. No livro, os autores citam uma pesquisa onde empresas que utilizaram o modelo proposto pelos autores tiveram 61% de impacto sobre o lucro enquanto empresas que utilizaram estratégias tradicionais tiveram apenas 39%. 

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"Ao questionar as regras do mercado e reinventar o jogo competitivo, empresas como Cirque du Soleil, Southwest Airlines, Uber e muitas Startups souberam ter um novo mindset estratégico", conclui o professor.

A importância do desenvolvimento do mindset estratégico

De acordo com uma pesquisa da Deloitte Human Capital Trends, 71% das empresas aspiram a uma cultura inclusiva e diversificada, mas apenas 12% possuem práticas para atingir esse objetivo. Estudo após estudo mostrou que organizações mais inclusivas têm melhor desempenho porque a diversidade e a inclusão promovem a colaboração, inspiram inovação e melhoram os resultados. Também seus líderes e equipes entendem melhor o viés, reconhecem seus próprios preconceitos e cultivam ativamente a conexão se comportando com coragem para obter melhores soluções com diferentes perspectivas.

Empresas com maior diversidade e inclusão tendem a ter menor grau de vieses em suas decisões em grupo, por causa das diferenças de percepção naturais envolvidas. Segundo Morsch, assim como esta estratégia, outras práticas gerenciais têm auxiliado as organizações a otimizar sua estratégia comportamental. A principal delas é desenvolver a cultura da cognição e do mindset estratégico na alta e média gerência por meio de ações de desenvolvimento e práticas de decisão em grupo.

Nesse sentido, o curso tem como objetivo capacitar os participantes para desenvolverem um mindset estratégico e ao mesmo tempo adaptativo, de forma a apoiar o reconhecimento de que as escolhas interagem de forma espontânea e automática com as condições ambientais nas quais se expressam. Ao se adotar essa concepção, abre-se espaço para se explorar características do cérebro humano. Ele está envolvido na resolução de problemas complexos e definição de estratégias porque centraliza o processamento de informação, função fundamental, mas não única para o aumento da capacidade de tomada de decisão.

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Website: https://www.linkedin.com/in/marcoaureliomorsch

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