Após confirmar o secretário da Fazenda e ex-ministro Henrique Meirelles (PSD) como porta-voz de seu programa de governo na área econômica, o governador João Doria (PSDB) vai anunciar nesta quinta-feira, 16, três mulheres na equipe: as economistas Zeina Abdel Latif, Vanessa Rahal Canado e Ana Carla Abrão.
Zeina Latif e Ana Abrão fizeram carreira no mercado financeiro. Latif foi economista chefe do Banco Real, HSBC e XP, e Abrão é CEO do escritório da Oliver Wyman no Brasil. Já Vanessa Rahal foi assessora especial do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em entrevista recente ao Estadão, Meirelles disse que o primeiro ponto do plano será restaurar a credibilidade e a responsabilidade fiscal. "Isso é fundamental para o controle da inflação. Também é preciso uma reforma administrativa abrangente, que diminua o custo da máquina pública. Outro ponto é fazer uma reforma tributária federal e apoiar a reforma tributária dos Estados, que já está com um projeto na Câmara com um acordo unânime entre os Estados", afirmou.
Para o ex-ministro, o maior benefício de uma reforma abrangente é que ela simplifica a estrutura tributária do País.
Outro pilar do plano de governo de Doria na área econômica, segundo Meirelles, será a infraestrutura com foco nas concessões e privatizações, complementadas por um grande número de obras públicas.
Sobre um eventual plano de distribuição de renda de Doria, o secretário da Fazenda desconversou. "Vamos fazer um modelo adequado às condições do País no momento", disse.
Meirelles também defendeu a privatização da Petrobras, que classificou como importante. "É um projeto prioritário, mas a criação de um monopólio privado é tão negativa quanto um monopólio público. A solução é fazer como fizeram em outros países, inclusive aqui, nos Estados Unidos: separar a Petrobras em três ou quatro unidades e colocar as empresas privatizadas para competir entre elas. Você privatiza, mas gera competição", afirmou.
O ex-ministro é cuidadoso ao falar sobre a política nacional, mas em conversas reservadas nos eventos em Nova York diz que os investidores demonstram preocupação com o cenário político no Brasil e dizem que temem a herança que o próximo presidente irá receber. O secretário da Fazenda considera que o governador tem chances reais de vencer, mas avalia que o cenário no Brasil é muito parecido com o de 2016.
Aos investidores, Doria costuma descrever suas vitórias eleitorais pregressas para dizer que está no jogo e que tem chances reais de vitória.