O médico Drauzio Varella pediu para que o Ministério da Saúde lute para conseguir vacinas contra a varíola dos macacos para imunizar aqueles que tiveram contato com pessoas infectadas. Em entrevista à GloboNews, neste sábado, 30, ele afirmou que o país está, “para variar”, agindo devagar no combate à doença.
O Brasil registrou a primeira morte por varíola dos macacos nesta sexta-feira, 29, e em uma semana teve um crescimento de 65% nas notificações da doença.
“Olha, segundo o Ministério da Saúde, nós temos mil e tantos casos confirmados e mais de 500 suspeitos. É muita coisa. Até maio, não tinha, abril ninguém falava dessa doença no Brasil. No mundo inteiro, o número está aumentando e depressa. A OMS reconhece que nós temos mais de 20 mil casos por mais de 75 países. [...] Nós estamos em um surto epidêmico, e acho que estamos, para variar, reagindo devagar”, afirma.
O médico ainda explica que o vírus da Monkeypox não é igual ao varíola humana, mas é muito parecido, e que, provavelmente, pode ser combatido com a mesma vacina. No entanto, a maior dificuldade é conseguir o imunizante, pois há poucos no mundo todo.
“O mundo não tem vacina. Nós desenvolvemos vacinas mais modernas, mas elas ficaram restritas a alguns países, especialmente, para vacinar o pessoal das forças militares. O Ministério tem que agir ativamente para conseguir vacinas, as poucas que existem no mundo. Como nós vimos para a covid, o nosso Ministério não é muito ativo nessa área” diz Varella.
Ele ainda fez uma crítica à ciência e a Organização Mundial de Saúde, dizendo que enquanto os surtos ocorriam somente no continente africano, não havia preocupação, pois “é doença que só preto pega”, mas quando o vírus começou a se espalhar pelo mundo, “ela começa a pegar gente branca”, e é assim que os órgãos despertam o alerta para a ameaça.
Surgimento dos casos de varíola dos macacos
O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. Desde então, países da Europa e da Ásia, assim como Estados Unidos, Canadá e Brasil, confirmaram casos.
Como a varíola dos macacos é transmitida
Identificada pela primeira vez em macacos, a doença viral geralmente se espalha por contato próximo e ocorre principalmente na África Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda de casos fora do continente causa preocupação. Existem duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade, e a cepa da África Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%.
O vírus pode ser transmitido por meio do contato com lesões na pele e gotículas de uma pessoa contaminada, bem como através de objetos compartilhados, como roupas de cama e toalhas. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.
Quais os sintomas da varíola dos macacos
Os sintomas se assemelham, em menor grau, aos observados no passado em indivíduos com varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas durante os primeiros cinco dias. Erupções cutâneas (na face, palmas das mãos, solas dos pés), lesões, pústulas e, ao final, crostas. Segundo a OMS, os sintomas da doença duram de 14 a 21 dias.
Como prevenir a varíola dos macacos
Segundo o Instituto Butantan, entre as medidas de proteção, autoridades orientam que viajantes e residentes de países endêmicos evitem o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem se abster de comer ou manusear caça selvagem.
Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes ferramentas para evitar a exposição ao vírus, além do contato com pessoas infectadas.
A OMS afirma trabalhar em estreita colaboração com países onde foram relatados casos da doença viral.
*Com informações do Estadão Conteúdo