Não é verdade que uma pesquisadora do Datafolha se recusou a entrevistar um homem porque ele declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), como é dito em vídeo que circula nas redes sociais (veja aqui). Segundo o instituto de pesquisas, o homem que aparece nas imagens se ofereceu para responder as perguntas, e a orientação aos entrevistadores é ignorar esse tipo de atitude e questionar apenas pessoas abordadas aleatoriamente, por questões de metodologia de pesquisa.
As postagens enganosas contam com ao menos 19.500 compartilhamentos no Facebook nesta quinta-feira (15).
Ela não aceita bolsonarista. Tá aqui. Se você é bolsonarista, ela não aceita. Só aceita do Lula. Datafolha.
Um vídeo que mostra uma abordagem a uma pesquisadora do Datafolha circula nas redes sociais com a alegação falsa de que o instituto foi pago pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para não entrevistar eleitores do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Na verdade, as imagens mostram uma entrevistadora cumprindo a norma do Datafolha de não aceitar respostas de pessoas que se ofereçam para replicar as questões, para manter a aleatoriedade da coleta.
No vídeo, o narrador, que não foi identificado, diz que está na avenida Queiroz Filho, endereço que fica na Vila Leopoldina, em São Paulo. Em nota ao Aos Fatos, o instituto de pesquisa relatou que as cenas foram gravadas na terça-feira (13), quando uma pesquisadora foi abordada por um segurança de um estabelecimento após realizar uma entrevista em frente ao local. O homem já estava filmando a pesquisadora quando perguntou se ela trabalhava para o Datafolha. Ao receber a resposta positiva, ele pediu para ser abordado, e a mulher explicou que pedidos de entrevistas não são aceitos.
Conforme o Aos Fatos verificou na relação de pesquisas eleitorais registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) — o registro é obrigatório em ano eleitoral —, o Datafolha protocolou uma pesquisa no dia 9 de setembro com data de início para as entrevistas no dia 13. O resultado será divulgado nesta quinta-feira (15).
Reportagem da Folha de S.Paulo publicada nesta quarta (14) afirma que "equipes do Datafolha são alvo de hostilidade crescente ao fazer pesquisa eleitoral". O texto cita casos de confusões envolvendo eleitores e pesquisadores em diversos estados brasileiros, mencionando inclusive o ocorrido no dia anterior, na Vila Leopoldina, em São Paulo.
No registro da pesquisa feito no TSE, constam como contratantes o jornal Folha de S.Paulo e a Globo. Não há registros de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Instituto Lula ou o Partido dos Trabalhadores tenham contratado o levantamento. No seu site oficial, o Datafolha afirma que não faz pesquisas sob encomenda para políticos ou partidos, e a assessoria de imprensa do ex-presidente também nega qualquer tipo de contratação.
Referências:
3. Datafolha
Aos Fatos integra o Programa de Verificação de Fatos Independente da Meta. Veja aqui como funciona a parceria.