O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu nesta terça-feira, 2, às manifestações que relativizaram o golpe militar de 1964, mas ponderou que as mensagens lidas nos quartéis após autorização do presidente Jair Bolsonaro não têm "relevância em si mesmo".
Questionado sobre a atitude do Planalto de autorizar "comemorações" do golpe militar, Gilmar Mendes declarou que não iria emitir opinião sobre o comportamento do governo, mas fez questão de marcar o período histórico como ditatorial.
"Eu vivi isso como estudante, a invasão da universidade e tudo o mais. Logramos superar essa ditadura. Isso é um fato inegável, pessoas sofreram violência, a ordem institucional foi rompida mais de uma vez e isso precisa ser dito de maneira muito clara", declarou Gilmar após participar de debate no Teatro CIEE, em São Paulo, para discutir livro do jurista Rodrigo Mudrovitsch sobre representatividade governamental.
Sobre os eventos nos quartéis, Gilmar Mendes citou que a chamada "Ordem do Dia", escrita pelo Ministério da Defesa, já era lida em outros períodos, inclusive no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do qual participou. "Isso não tem relevância em si mesmo".
Temer
O ministro não quis se manifestar sobre os processos envolvendo o ex-presidente Michel Temer. Nesta terça-feira, 2, o emedebista se tornou réu em mais duas ações penais na Lava Jato no Rio e foi alvo de outra denúncia apresentada pela força-tarefa da operação em São Paulo. "Esse caso daqui a pouco volta lá [no STF]", citou. Quando questionado se a Lava Jato não teria sido "autoritária" ao prender o ex-presidente, Gilmar declarou: "Vocês escreveram isso em editoriais."