Economia brasileira segue frágil em meio a incertezas políticas e fiscais em 2022

2 dez 2021 - 13h33

A economia brasileira perdeu ritmo e deve continuar mostrando fragilidade por pelo menos mais um ano, com uma melhora dependendo de uma virada da inflação e de uma política econômica que estabilize as expectativas para a situação fiscal, de acordo com especialistas.

Consumidores fazem compras em supermercado do Rio de Janeiro
02/09/2021
REUTERS/Ricardo Moraes
Consumidores fazem compras em supermercado do Rio de Janeiro 02/09/2021 REUTERS/Ricardo Moraes
Foto: Reuters

A contração registrada pelo Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil tanto no segundo quanto no terceiro trimestres --o que configura recessão técnica-- impregnou mais viés de baixa a projeções de analistas, e a perspectiva de que a economia continuará patinando em 2022 é dada como certa.

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"Não temos expectativa muito promissora para 2022, talvez seja um resultado próximo à estabilidade. Podemos observar ligeiro crescimento no primeiro trimestre, mas provavelmente queda nos seguintes", avaliou o economista da XP Rodolfo Margato, explicando que sua estimativa para o crescimento econômico do ano que vem de 0,8% está sob revisão de baixa.

Um dos fatores por trás dessa debilidade é o aperto da política monetária, que restringe a atividade. Outro é a incerteza, tanto fiscal quanto no campo político, tendo em vista a eleição presidencial no ano que vem, combo que eleva a percepção de risco.

"Um ponto central é o resultado das eleições. O que a gente foca é a condução da política econômica e a responsabilidade fiscal", completou Margato. "Temos um cenário de incerteza no campo fiscal e no campo político. Com eleições naturalmente existe percepção de risco."

O debate fiscal tem girado recentemente em torno da PEC dos Precatórios, que abriria espaço fiscal para que o governo consiga viabilizar o auxílio de 400 reais através da mudança no cálculo do teto de gastos e de um novo regime para o pagamento de precatórios.

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"De fato, está difícil sair do buraco. A decisão correta teria sido seguir com 300 reais (de auxílio emergencial) que caberia no teto de gastos. Não temos mais espaço para aumentar gastos públicos", disse Flávio Serrano, chefe de análise macroeconômica da Greenbay Investimentos.

"O Brasil acabou destruindo um arcabouço importante que é a âncora fiscal. Há muita incerteza sobre ampliar gastos, mexer no teto. Isso aumenta o prêmio de risco e o reflexo é menos crescimento", completou.

O Brasil há tempos vem mostrando dificuldades de manter um crescimento sustentável e agora ainda enfrenta uma inflação elevada que obrigou o Banco Central a aumentar expressivamente os juros.

A taxa Selic já subiu neste ano de uma mínima histórica de 2% para os atuais 7,75% ao ano, e a expectativa é de nova alta na semana que vem, indo a dois dígitos em 2022 e com potencial de restringir com força a atividade econômica.

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"A grande dúvida olhando para a frente é se teremos crescimento sustentável, só vamos conseguir ver com maior clareza com reversão da política monetária contracionista", destacou Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest.

Para ela, o fim do atual ciclo de aperto monetário ocorrerá com um juro básico de 11,5%, taxa que deve perdurar até o encerramento de 2022.

"Uma vez que consigamos ver um ciclo monetária de (pelo menos) não contracionista a expansionista, teremos maior espaço de crescimento. Mas isso é para 2024", completou Hirakawa.

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