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Americanas | Ex-executivos venderam R$ 287 mi em ações antes de escândalo

Ex-executivos da Americanas venderam R$ 287 milhões em ações antes da descoberta de rombo, aponta investigação da PF

28 jun 2024 - 18h48
(atualizado às 22h36)

Investigações da Polícia Federal apontam que ex-executivos das Lojas Americanas venderam R$ 287 milhões em ações da varejista antes da descoberta de "inconsistências contábeis" — suspeita de fraude — no balanço da empresa. 

Foto: Divulgação/Americanas / Canaltech

De acordo com informações descobertas pela Operação Disclosure, somente o ex-CEO Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez e a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali são responsáveis pela venda de R$ 230 milhões em ações — R$ 171,7 milhões e R$ 59,6 milhões. 

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Os ex-executivos foram enquadrados pelo crime de uso indevido de informações privilegiadas, entre outros delitos. Ocorrida nos seis meses anteriores à descoberta das inconsistências, a movimentação das ações chegou a ser comunicada para a Comissão de Valores Mobiliários, autarquia responsável por regular o mercado financeiro. 

O juiz da 10ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, Márcio Muniz da Silva Carvalho, decretou a prisão preventiva dos dois executivos, que estão fora do país — Gutierrez está na Espanha há um ano, e Saicali se encontra em Portugal. 

A pena prevista é de 1 a 5 anos de prisão, além de multa com valor de até três vezes o lucro obtido nas movimentações. Como não estão no Brasil, os indiciados já são considerados foragidos. 

Ex-executivos venderam ações com base em informações privilegiadas, aponta PF (Imagem: Divulgação/Americanas)
Foto: Canaltech

Segundo os investigadores, Gutierrez teve ação direta nas fraudes, já que participava no fechamento de resultados. Portanto, a PF apontou que ele tinha conhecimento dos resultados verdadeiros, e sabia da diferença para os fraudados, que geravam bônus milionários. 

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Apenas um dia após o descobrimento do rombo nas contas da Americanas, o valor das ações da empresa despencou em 80%. 

Em nota oficial, a Americanas apontou que "reitera sua confiança nas autoridades, e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes".

Já a defesa de Miguel Gutierrez apontou que ele "jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude", e que está "colaborando com autoridades, e prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios". 

Entenda o caso

Um rombo de R$ 20 bilhões nas contas da Americanas foi revelado em janeiro de 2023. A empresa classificou isso como "inconsistências contábeis" relacionadas a dívidas de "risco-sacado" não registradas em seus balanços.

O forfait, ou "risco-sacado", é uma operação em que a empresa tem uma dívida a ser paga, na maioria das vezes com um fornecedor, e faz um acordo para que um banco libere o dinheiro para pagar o credor. A dívida com o fornecedor é paga, mas a empresa se compromete com a instituição financeira, tendo que pagar o valor emprestado com juros e taxas.

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Em resposta à agência Reuters, especialistas disseram não haver uma norma de como registrar esse tipo de operação. No entanto, o problema vai além de preencher um formulário de maneira incorreta, visto que a classificação contábil é um sinalizador do endividamento da empresa — influenciando seus contratos de financiamento e acesso ao crédito, por exemplo.

Os antigos gestores, Saicali e Gutierrez, investigados pela fraude, fugiram do Brasil e são suspeitos de, pelo menos, terem conhecimento dos registros incorretos ou falta de registros dessas dívidas.

Fonte: InfoMoney, O Globo

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