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Atleta mirim supera falta de patrocínio e viagem de 40h por medalha no karatê

Aos 10 anos, Vitória Lemes é exemplo de disciplina, força de vontade, além de muito foco nos estudos e nos treinos

22 mai 2023 - 18h05
(atualizado às 18h27)
Atleta Vitória Lemes no 30º Troféu Brasil de Karatê Interestilos
Atleta Vitória Lemes no 30º Troféu Brasil de Karatê Interestilos
Foto: Andressa Walter

Foram mais de 1.900 quilômetros percorridos rumo ao 30º Troféu Brasil de Karatê Interestilos. Mais de 40h de viagem de ônibus e aproximadamente 12 paradas até chegar no Ginásio Mauro Pinheiro (Ginásio do Ibirapuera) em São Paulo.

Com apenas 10 anos, Vitória Lemes, natural de Santana do Livramento, cidade do Rio Grande do Sul que faz divisa com Rivera, no Uruguai, é exemplo de disciplina e força de vontade. Para chegar até a competição e mais uma medalha para a sua coleção, foram muitas rifas vendidas e muito foco na escola e nos treinos.

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Sua mãe, Ingrid Lemes, que acompanhou a atleta na capital paulista, conta que esse sonho não seria possível sem o apoio que recebeu do trabalho, da família e dos amigos.

"No mercado em que trabalho meus chefes me apoiaram e me ajudaram a vender as rifas. Meus familiares e professores da escola em que a Vitória estuda também colaboraram e incentivaram o sonho da minha menina", disse Ingrid Lemes. 

Ingrid Lemes e Vitória Lemes no 30º Troféu Brasil de Karatê Interestilos em São Paulo
Foto: Andressa Walter

Sem patrocínio e sem apoio financeiro  

No Brasil, é muito comum ver atletlas recorrendo a rifas, vaquinhas e eventos beneficentes para seguir no esporte. No caso do Karatê, esse tipo de ação é indispensável para a permanência e desenvolvimento de atletas que não tem patrocínio.

Para participar do 30º Troféu Brasil de Karatê Interestilos em São Paulo, além da ajuda de seus pais e familiares, Vitória Lemes também contou com o apoio de seu sensei Angelo Tentardini e dos colegas da Karatê Academia Dojo Força e Honra ShotoKan, que conseguiram o empréstimo de equipamentos necessários para a competição (protetor de mão, protetores bucais e protetor corporal).

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Além dos equipamentos, o sensei também conseguiu organizar um transporte saindo de Santana de Livramento até a cidade de Santa Rosa, a 454,6 km do endereço de Vitória. Em Santa Rosa, Vitória, sua mãe, seu sensei e Claudia Pas, atleta uruguaia de 22 anos, se reuniram com os dojos de Santa Rosa e com professores da Federação Gaúcha de Karatê Interestilos. Juntos, dividiram o custo do transporte até a capital paulista. 

Foco e determinação

Desde pequena, Vitória é muito focada em seus objetivos. Participa de provas de rédeas e competições de tambor [modalidades elaboradas para mostrar a habilidade atlética de um cavalo típico de fazenda]. Um dos passatempos de Vitória, é cuidar dos bichos e ajudar seu pai, Anderson Lemes, a domar cavalos.

Estudiosa e dedicada, a atleta mirim gosta muito de acordar cedo, treinar e brincar com suas irmãs Laura Lemes, de 12 anos, e Thaina Lemes, de 7. Juntas, já até produziram conteúdos explicativos para ensinar pessoas leigas a montar a cavalos. 

Mas para se dar esportivamente, Vitória também precisa se dedicar aos estudos. A atleta comenta que em seu Dojo, a disciplina na escola é obrigatória para participar das aulas e campeonatos. Segundo a gaúcha, quando ela tem dúvida em alguma matéria, os seus colegas de treino a ajudam. 

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"Para participar dos campeonatos e competições eu preciso tirar notas azuis no meu boletim. Até mesmo na disciplina de matemática que é a que tenho mais dificuldade", conta Vitória.

A mãe comenta que a pequena atleta é muito dedica em tudo o que se propoe a fazer. De acordo com Ingrid, a filha é muito competitiva consigo mesma e está sempre em busca das melhores notas e melhores colocações nas competições. 

"Eu e o pai dela sempre tentamos acalmá-la. A Vitória se cobra muito. Nós junto ao sensei dela sempre alertamos que o mais importante no caso das competições é participar e fazer novos amigo", fala Ingrid.

 Brendon Back, professor de Karatê e membro da federação gaúcha, ressalta a importância do elo do esporte com a educação. "A maioria dos dojos incentivam e cobram notas boas nos boletins dos alunos. O karatê anda lado a lado com a disciplina e com o foco. E por esse motivo sempre estamos incentivando os alunos a se dedicarem nos estudos", explica.

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Atletas de 13 estados brasileiros

Nos dias 19 e 21 de maio, o Ginásio Mauro Pinheiro (Complexo do Ibirapuera) foi mais uma vez palco do Troféu Brasil de Karatê Interestilos, reunindo mais de 1.400 atletas e 147 árbitros de treze estados do País.

Mais do que uma competição nacional, a 30ª edição da competição serviu também como um espaço de aprendizado. Na viagem de mais de 40 horas, a pequena atleta gaúcha aproveitou para conhecer alguns pontos turísticos de São Paulo próximos  ao ginásio do Ibirapuera e para fazer novas amizades.

Com pelo menos 30 novos amigos, Vitória pode quebrar a tensão das provas nas brincadeiras no alojamento, comemorando a conquista de sua medalha e a de seus amigos. 

Medalhas para a fronteira do Brasil x Uruguai

Na competição de kata [movimentos ou formas de lutas imaginárias que o praticante executa], no primeiro dia do evento, Vitória conseguiu uma medalha de bronze na competição para faixas amarelas femininas de 10 anos.

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Já sua nova amiga Uruguaia, Claudia Pas conseguiu medalha de ouro na mesma competição só que na categoria adulta feminina de faixas brancas e amarelas. Ao todo, o Rio Grande do Sul levou para o estado um total de 31 medalhas. 

Amizade atravessando fronteiras
Foto: Andressa Walter
Fonte: Redação Terra
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