Brasileiros preferem professores a militares nas escolas, diz ministro da Educação

Camilo Santana defende posição contra unidades cívico-militares, política adotada na gestão Bolsonaro e abortada no início do governo Lula

12 abr 2023 - 12h12
(atualizado às 15h00)
Portaria foi assinada ontem pelo ministro Camilo Santana
Portaria foi assinada ontem pelo ministro Camilo Santana
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Estadão

O ministro da Educação, Camilo Santana, reforçou o posicionamento contrário às escolas cívico-militares, que teve as diretorias extintas logo no primeiro mês da presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para isso, o ministro citou uma pesquisa encomendada pelas organizações civis sem fins lucrativos Cenpec e Ação Educativa, que diz que 72% confiam mais em professores do que em militares para trabalhar em uma escola, e ressaltou a experiência no Estado do Ceará, em que foi governador.

"72% dos brasileiros confiam mais em professores do que militares para trabalhar em uma escola. Estou dando dados de evidência. Não há evidências em relação a essa política. É preciso ter evidências que comprovem que essa metodologia é melhor", afirmou a deputados que participam de audiência na comissão de Educação nesta quarta-feira, 12.

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"É preciso ter evidências que comprovem que essa metodologia é melhor. Das 100 melhores escolas públicas do Brasil, 87 são do meu Estado e nenhuma é militar. A melhor escola pública do Brasil é do Ceará e não é militar", disse.

O ex-governador foi convidado para falar sobre o que será feito sobre as mais de 200 escolas criadas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a pedido de deputados bolsonaristas, que lotaram a sessão do colegiado. Ele afirmou que há um problema normativo no projeto. "Este programa foi criado por decreto, não houve debate. Na Lei de Diretrizes e Bases não há menção ou estratégia ou estratégia que faça menção às Forças Armadas. Estamos repassando recurso para as Forças Armadas e há um conflito normativo legal que precisa ser resolvido", afirmou Camilo.

Ele complementou que debaterá com prefeitos e governadores sobre o que fará com as unidades. "Eu não revoguei (o decreto). O programa continua, só não será prioridade desse governo de criar escolas pelo MEC", disse.

O ministro também discutiu os casos de assassinatos em escolas pelo País. Para ele, os episódios de violência são um impasse "global e sistêmico", e, elenca as redes sociais como um "grave problema". "É preciso regulamentar (as redes sociais). É preciso ter punição para quem comete crimes. Temos redes como a chamada deep web, de jovens que estimulam a violência, a morte, o crime", disse. "É preciso ter um serviço de inteligência mais profundo."

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Camilo destacou que abrirá espaço para a discussão sobre o reforço de segurança nos institutos de ensino, mas apresenta ressalvas. "Tem prefeito que quer estabelecer detector de metal e guarda nas escolas. Vamos discutir. Porque os Estados Unidos fizeram isso. As pesquisas mostraram que (a violência) aumentou. É um problema que precisamos discutir profundamente", afirmou.

Oposição

A oposição usa das comissões para pressionar integrantes do primeiro escalão do governo Lula. Apenas nesta semana, sete ministros visitarão a Câmara dos Deputados para explicar medidas de suas pastas. O primeiro desta semana, Flávio Dino, o depoimento na Comissão de Segurança Pública após a sessão virar palco de confronto entre deputados da oposição e do governo. Houve trocas de insultos e até palavrões.

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