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Avaliação Nacional da Alfabetização é cancelada: entenda

Prova não será realizada este ano, mas deve retornar em 2016, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep)

20 jul 2015 - 10h10

O cancelamento da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) em 2015, comunicado informalmente por Francisco Soares, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) na semana passada, dividiu especialistas e profissionais da educação. Enquanto alguns acreditam que a medida não trará prejuízos, outros defendem a manutenção da prova.

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Segundo o instituto, a suspensão do exame tem motivação pedagógica, o que contraria notícias que circularam na ocasião de que a ação seria uma medida de contenção de gastos - em 2014, o custo para a realização da prova foi de R$150 milhões. De acordo com a assessoria de imprensa do Inep, após a realização do exame em 2013 e 2014, é necessário produzir um estudo sobre os resultados para aprimoramentos. Ela informa, ainda, que a partir de 2016 a ANA seguirá sendo anual e uma importante ferramenta de avaliação do Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic).

O pacto prevê cursos e auxílio para professores trabalharem a alfabetização de crianças até os 8 anos, estabelecendo os três primeiros anos do ensino fundamental como o período no qual os alunos devem aprender a ler e escrever. A prova, aplicada no 3º ano do ensino fundamental, tem o objetivo de avaliar o trabalho desenvolvido e apontar o que precisa ser melhorado.

Cancelamento da Avaliação Nacional da Alfabetização dividiu educadores pelo Brasil
Cancelamento da Avaliação Nacional da Alfabetização dividiu educadores pelo Brasil
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

Para Célio da Cunha, sócio e fundador do movimento Todos pela Educação e professor do programa de mestrado e doutorado em educação da Universidade Católica de Brasília, é importante reconhecer o momento de crise financeira e fazer ajustes. Nesse sentido, acredita que o cancelamento da prova deste ano não traz prejuízo para os estudantes. “Já temos muitos diagnósticos da educação no Brasil. O importante é pensar em como atuar a partir deles. Se existe a necessidade de cortes, é melhor que se cancele uma avaliação do que se corte verbas de investimentos.”

Por outro lado, a pedagoga Bianca Acampora, especialista em dificuldades em aprendizagem e mestre em cognição e linguagem, teme que a não realização da prova resulte em uma descontinuidade das políticas públicas para a alfabetização. Ela entende que os alunos que realizariam o exame em 2015 não serão prejudicados, visto que já cumpriram o ciclo proposto, mas os estudantes das turmas seguintes podem sofrer o impacto. “Os resultados da ANA formam os índices do Pnaic. Para saber se o programa está funcionando ou não, é importante a comparação entre os dados”, aponta. Ela sugere, ainda, que os municípios realizem suas avaliações - mesmo que se perca a noção comparativa entre as diferentes regiões, as cidades poderiam identificar os pontos que evoluíram ou que precisam melhorar.

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Impacto nas salas de aula

O prejuízo também poderá ser sentido em sala de aula. É o que acredita Maria Aparecida Lopes dos Reis de Jesus, professora do 3º ano do ensino fundamental na Escola Municipal Doutor Libério Soares, de Bom Sucesso (MG). A docente comenta que a realização da prova nos anos anteriores foi importante, e os resultados foram discutidos em reuniões. “Foi um instrumento válido. Conseguimos pensar algumas questões para melhorar o ensino”, diz. Maria Aparecida, no entanto, critica o fato da prova não considerar diferenças regionais e não observar as desigualdades entre as realidades de cada escola.

Também professora no 3º ano, Vera Filomena de Moraes não vê prejuízo prático com o cancelamento do exame. Com 43 anos de magistério, ela dá aula na Escola Municipal de Ensino Fundamental José Mariano Beck e na Escola Municipal Professora Judith Macedo de Araújo, em Porto Alegre (RS). Para ela, os resultados não servem para instrumentalizar o professor na preparação do seu trabalho, pois não apontam as especificidades necessárias para melhorar. “Sinceramente, da forma como é hoje, o cancelamento não faz diferença. Até agora, a prova não serviu nem como forma de pressão nem como incentivo.”

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Fonte: Terra
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