Abstinência sexual pode afetar o desempenho no trabalho? Especialistas explicam relação

A vida íntima em dia proporciona bem-estar e qualidade de vida, inclusive no trabalho, dizem sexólogos

21 mai 2024 - 05h00
A abstinência pode levar ao pior desempenho no trabalho, dizem especialistas
A abstinência pode levar ao pior desempenho no trabalho, dizem especialistas
Foto: Imagem ilustrativa/Freepik

A abstinência sexual pode afetar o desempenho no trabalho? Especialistas ouvidos pelo Terra dizem que tudo depende de alguns fatores que contribuem para o bem-estar e qualidade de vida. Inegavelmente, um deles é a atividade sexual.

Só existe um 'pequeno' problema: segundo dados de pesquisa feita pela General Social Survey, em 2021, 26% dos americanos com 18 anos ou mais não mantinham relações havia um ano. A tendência também se aplica ao Brasil. 

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O psiquiatra e sexólogo Eduardo Perin cita a Organização Mundial da Saúde (OMS) para reforçar que a saúde sexual é um critério para a boa qualidade de vida, e acrescenta que, quando isso não é satisfeito, é possível que interfira em outras áreas da vida -- inclusive, o trabalho. 

"Esse indivíduo está com algum desequilíbrio na saúde geral dele pela falta da atividade sexual. E aí, ele pode se sentir menos engajado com o trabalho, menos interessado no trabalho, menos paciente, menos envolvido empaticamente com outras pessoas... Então, um indivíduo mais frio, talvez mais sarcástico e com mais faltas ao trabalho", analisa.

Existe algo 'faltando'

Para a psicóloga e sexóloga Márcia Atik, essa abstinência, representada pela falta de uma parceria e troca sexual, traz a sensação de que existe algo "faltando". Em alguns casos, há quem compense essa lacuna com outros prazeres e realizações, sem necessariamente implicar problemas pessoais, emocionais ou físicos. 

Por outro lado, pode acontecer de a abstinência ser decorrente do excesso de trabalho, em que o indivíduo não abre um espaço na agenda para a vida sexual e afetiva. Assim, toda a sua carga de prazer está na realização do trabalho ou na tomada de decisões.

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Aí mora um problema que pode escalar para quadros mais sérios de saúde mental.

"Se a gente privilegia uma única área da vida como fonte de prazer, com certeza as outras vão ficar no negativo, vai fazer falta. E talvez nem seja questão sexual pela liberação do hormônio, pelo orgasmo, é a troca, a afetividade, o carinho. Se a pessoa se isola num cargo ou num trabalho, a médio prazo, a falta de contato afetivo vai fazer diferença, trazendo uma insatisfação, uma frustração, até uma depressão", alerta Márcia.

Diferentes aspectos do bem-estar devem estar em harmonia
Foto: Imagem ilustrativa/Freepik

Para a sexóloga, o equilíbrio na atividade sexual e nos demais aspectos da vida tornará a pessoa mais fácil de conviver em um ambiente de trabalho. No entanto, ela reforça que não dá para determinar o bem-estar apenas pela frequência de troca íntima com alguém.

"É todo um conjunto de vivências que torna essa pessoa mais leve, mais agradável, mais feliz. A vida sexual é um dos aspectos, mas ele sozinho não resolve. Tem que ter toda uma gama de realizações pessoais, amizades, afetividades e resultados também profissionais", completa.

Prejuízos sociais

O psiquiatra e sexólogo Eduardo Perin explica que o uso da internet e isolamento social podem ter contribuído para a mudança de comportamento geracional, que tem cada vez mais feito menos sexo.

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"Isso tornou essa população mais jovem mais isolada, com uma vida muito mais virtual do que presencial. Então, isso acaba dificultando e até diminuindo o interesse desses jovens pelo sexo, por ter uma parceria sexual e afetiva", ele diz.

Se a abstinência, por um lado, protege de infecções sexualmente transmissíveis e diminui o risco de gravidez na adolescência, por exemplo, os prejuízos sociais são bastante significativos. A "imaturidade" das pessoas ao se relacionarem é a principal evidência desses prejuízos.

"A gente vê uma crescente imaturidade dessas pessoas quando elas resolvem se relacionar, porque não tiveram experiências prévias de relacionamentos, e aí, quando elas resolvem se relacionar numa idade um pouco maior, essas pessoas acabam tendo uma imaturidade, uma dificuldade de compreensão do que é o relacionamento", acrescenta.

Fonte: Redação Terra
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