Análise de currículo, 'errar rápido': os serviços para quem busca mudanças na carreira

Profissionais se especializaram em oferecer ferramentas para quem quer aprender a se vender melhor

7 mar 2024 - 05h00
Bernardo Castro buscou um coach de carreira ainda na faculdade e hoje se sente realizado na profissão que escolheu
Bernardo Castro buscou um coach de carreira ainda na faculdade e hoje se sente realizado na profissão que escolheu
Foto: Arquivo Pessoal

Quando Bernardo Castro, então com 19 anos, procurou um coach de carreira, ele buscava encontrar a segurança necessária para deixar a faculdade de Direito e migrar para Publicidade. Foram 10 sessões que lhe deram uma perspectiva mais definida sobre seus gostos e metas para o futuro. Hoje, com 24 anos, formado e trabalhando em um emprego fixo, Bernardo olha para trás e percebe ter realizado tudo o que havia definido naqueles encontros.

"A importância do coach foi fazer eu me conhecer melhor profissionalmente, entender qual era o meu objetivo, qual era o estilo de vida que eu queria, e como aquilo podia se aplicar na minha carreira. E também me ajudou a desenvolver algumas metas de curto prazo. Eu estabelecia: 'Em seis meses, eu quero estar fazendo tal coisa. Em um ano, eu quero estar fazendo tal coisa. Em três anos, eu quero estar fazendo tal coisa'. E, assim, de certa forma, comigo tudo se encaixou", relembra.

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Bernardo é apenas um recorte dentre as centenas de pessoas que procuram por uma ajuda especializada para entender e desenhar sua própria carreira. Ele preferiu buscar o aconselhamento ainda antes de entrar, de fato, no mercado de trabalho. Mas o processo de transição de carreira costuma atingir também pessoas um pouco mais velhas que Bernardo.

Quem traz esta perspectiva é a psicóloga e coach Sandra Moraes. Por mês, ela atende cerca de 50 profissionais, entre aqueles que querem análise de currículo, de Linkedin e simulação de entrevistas, e outros que buscam por mentoria de carreira.

Sandra diz que há, sim, casos de jovens que ainda na faculdade a procuram, mas o mais comum é que sejam pessoas na faixa de 28 a 36 anos.

"Eu mesma sou a pessoa que fiz transição lá atrás", comenta ela, que, entre vestibulares que prestou e cursos nos quais se matriculou, cogitou cinco graduações antes de Psicologia.

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"Quando você escolhe uma graduação, e a gente pensa num adolescente que não tem vivência, é muito difícil você já ter total clareza daquilo. E quando você se depara com a realidade, é totalmente diferente também. Então, às vezes vai precisar experimentar mesmo. Não tem muito pra onde ir", acrescenta.

"Errar rápido e barato"

Para aqueles que não conseguiram fazer essa experimentação na faculdade, Sandra entende que não há mais muito tempo, e nem dinheiro, a perder. Por isso, ela costuma dizer a seus clientes para eles pensarem em "errar rápido e barato".

Psicóloga, Sandra Moraes decidiu se especializar em coach para oferecer um serviço mais direcionado ao mercado de trabalho
Foto: Arquivo Pessoal

"Ao invés da pessoa querer fazer uma graduação, vamos tentar um cursinho mais curto, mais rápido. Pesquise isso aqui. Experimente isso aqui. Bota em prática. Vai com alguém. A gente tenta o máximo de prática para justamente evitar esse tipo de coisa", afirma.

O aconselhamento para transição de carreira costuma durar cerca de dois meses, com oito encontros ao todo. Nessas sessões, ela busca definir três questões:

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  • Qual é o perfil daquele profissional? Para entender os gostos, motivação e habilidades que ele possui;
  • O que aquele profissional está disposto a fazer? Por exemplo, há pessoas que querem mudar de carreira, mas não estão dispostas a fazer uma nova graduação;
  • Qual é o estilo de vida que aquele profissional quer ter?

"O que a pessoa quer para ela e tudo mais vem a partir do autoconhecimento, e daí a gente vai vincular isso com o mercado e com o que ela está disposta a fazer a partir desse momento", afirma.

Sandra explica que a maior diferença entre este trabalho, de coach de carreira, para o de psicóloga tem a ver com a dinamicidade das sessões.

"É diferente de um processo terapêutico. Com um psicólogo vai demorar um pouco mais. A pessoa vai, de repente, procurar um pouco mais sozinha.Eu realmente direciono e junto várias coisas que eu tenho de conhecimento de mercado", diz.

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LinkedIn é a ferramenta do momento

Encontrar qual carreira seguir é apenas o primeiro passo. Depois, claro, é preciso se inserir no mercado - ou, em alguns casos, melhorar a sua posição atual. Para isso também existem outros serviços oferecidos por profissionais que se especializaram no ramo.

Além da mentoria para transição de carreira, Sandra Moraes vende toda uma gama de serviços para quem quer se reposicionar no mercado. O serviço mais barato é o de ajuste de currículo, em que ela promete melhorar o currículo do profissional em português ou inglês. Já o serviço mais caro é o de reestruturação do perfil de Linkedin do profissional. Há ainda a opção de combos de serviços.

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O Linkedin, inclusive, é colocado como uma rede social de suma importância para profissionais que buscam visibilidade, segundo a consultora Flávia Gamonar. Ela explica que trabalha para melhorar a marca pessoal dos profissionais que a contratam.

Mentora profissional, Flávia Gamonar é uma instrutora parceira do Linkedin
Foto: Arquivo Pessoal

"Hoje, o assunto que eu mais trabalho é o posicionamento desse profissional na rede. Então, assim como a gente tem marcas empresariais, institucionais, nós temos a nossa marca, que reflete os nossos valores, os nossos atributos, como a gente é visto pelas pessoas e como a gente se diferencia em relação a outros profissionais", detalha.

Flávia define o seu trabalho como "valorizar o passe" do profissional. Seus clientes costumam ser pessoas na faixa dos 35 até 50 anos. Ela os define como profissionais mais experientes que já estão preocupados com o etarismo e a chance de serem excluídos do mercado de trabalho.

Dentre os aspectos analisados com relação ao LinkedIn dos profissionais estão:

  • Qual é o momento da carreira daquele profissional? "De repente, você olha para o perfil e soa que ela está empregada. E ela não está, porque ela não ajustou as informações", afirma Flávia;
  • Como é o cartão de apresentação daquele profissional na rede? "Quanto mais a gente cadastra, mais ele ganha força", diz;
  • Uso de palavras-chaves que facilitem que aquele profissional seja encontrado por recrutadores.
Fonte: Redação Terra
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