Com tanta tecnologia, economia e empregos cada vez mais exigentes, ser adulto é uma tarefa complicada. Temendo pelo futuro, alguns pais procuram dar alguma vantagem aos seus filhos e tentam prepará-los ao máximo para o mercado de trabalho e para a vida adulta.
O grande problema é que, por mais que a intenção seja boa, alguns responsáveis acabam causando certos níveis de estresse em suas crianças. Em alguns casos, pode até evoluir para algo maior.
De acordo com o artigo Meio social e estresse infantil: Um estudo à luz da teoria Histórico-Cultural, publicado em 2022 na revista Temas em Educação e Saúde da Universidade Estadual Paulista (Unesp), vários fatores pode causar esse estresse em ambientes educativos, como o excesso de atividades, professores ansiosos e estressados, uma disciplina rígida e pouco tempo para brincadeira e descanso.
O estudo aponta ainda que, a longo prazo, tamanho estresse pode representar um grave problema de saúde pública, pois pode causar graves prejuízos à vida da criança. Mas, como podemos evitar isso?
Ao Terra, a mestre em educação, psicopedagoga e educadora parental, Beatriz Macedo, diz que a melhor forma de preparar a criança, mas sem causar traumas é não pulando etapas. “Ou seja, deixar que a criança viva cada fase do seu desenvolvimento infantil e cognitivo. É muito importante para ela criar resiliência, responsabilidade, empoderamento, autoestima e entre outras qualidades”, explica. “Ela aprende com o passado desse desenvolvimento, pois são habilidades que a gente aprende e ficam para o resto da vida”.
Além disso, a professora também destacou a importância de não forçar a criança a fazer algo que ainda não é o ideal para a idade dela ou que ela não quer fazer. “Tem que deixar a criança brincar e deixar a criança ser criança”, pontua.
De acordo com ela, deixar a criança passar pelas fases esperadas, dentro de cada idade, é prezar pelo futuro dela e garante que ela seja um adulto mais resiliente, menos traumatizado e mais confiante.
O que se deve evitar
Segundo Macedo, o que deve ser evitado é a responsabilização precoce dessas crianças e pede para que as escolas estejam atentas aos parâmetros curriculares de cada faixa etária.
“O erro mais comum que a gente vê são os pais colocando suas crianças e seus filhos dentro de uma padronização e de idealização do que eles acham que seriam o melhor para as crianças”, detalha. “É muito comum chegar a um certo nível de fracasso escolar ou de desinteresse da criança quando ela está fazendo algo que ela não quer, principalmente em adolescentes”.
E completou: “Quando se faz algo pela pressão dos pais, como prestar um devido vestibular ou seguir certa carreira que não é necessariamente algo que ele quer fazer, desestimula. Ninguém consegue estudar anos, se aprimorar e ser um bom profissional em algo que não gosta. É muito importante, enquanto pais, conversar com seus filhos”.
De acordo com especialista, o assunto não precisa ser discutido durante o Ensino Fundamental; no Ensino Médio, já é possível iniciar os preparativos e o entendimento do que o jovem quer fazer e o futuro que deseja seguir. “Já é um fardo muito grande você com 17 anos ter que escolher o que vai fazer para o resto da vida, imagina você fazer algo que não gosta e viver com esse peso. Talvez o maior erro [que cometem] quando a gente fala sobre futuro e mercado de trabalho para esses adolescentes e crianças é a falta de diálogo”, destaca Beatriz Macedo, reforçando que pais e profissionais de educação têm como principal missão orientar essas crianças e adolescentes.
“Entenda o que a criança/adolescente quer e procure ali um meio termo. Se não for possível levar 100% em consideração o que ela precisa ou o que ela quer seguir, ainda assim é muito importante manter o diálogo. Porque ela quem vai ter que arcar e seguir a vida com a profissão e o caminho que ela escolheu”, conclui.