Empresas apostam em monitoramento de equipes; entenda os prós e contras

Tecnologia é utilizada por indústrias, mineradoras e construtoras para verificar localização de funcionário

6 mar 2024 - 05h00
Resumo
Empresas estão optando por monitorar seus trabalhadores por meio de GPS, buscando garantir sua segurança, produtividade e execução correta dos processos. No entanto, a prática precisa ser analisada criteriosamente para equilibrar o monitoramento com a preservação da privacidade e saúde mental dos colaboradores.
Empresas apostam em monitoramento remoto de equipes em ambientes externos
Empresas apostam em monitoramento remoto de equipes em ambientes externos
Foto: Imagem ilustrativa

O monitoramento em empresas tem se tornado uma tendência em diferentes áreas, como indústria, mineradoras e logística, entre outras, para a gestão de equipes e segurança. A prática, no entanto, pode despertar estranheza e até resistência entre os trabalhadores.

No campo ideal, o objetivo é que a tecnologia permita aos gestores acompanhar o trabalho de várias equipes ao mesmo tempo, em qualquer lugar. Por outro lado, a sensação de estar sendo vigiado recai sobre os funcionários, que terão seus passos monitorados a todo instante.

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Independentemente da perspectiva, Marcelo Lonzetti, diretor da ZTrax, empresa de tecnologia de monitoramento de pessoas e ativos, prefere encarar a ferramenta como reforço à segurança no dia a dia. Para ele, a proposta é utilizar a tecnologia para acompanhar a produtividade e assegurar a execução correta dos processos.

"A gente foi abordado por algumas empresas no intuito de monitorar, não simplesmente por monitorar as pessoas, mas para acompanhar a produtividade, acompanhar a segurança, acompanhar até se o processo está sendo bem feito, para ser mais específico", diz Marcelo.

O monitoramento é feito por meio de aparelhos de GPS, que funcionam como pequenos rastreadores que são carregados no bolso ou nos veículos dos funcionários, e não podem ser desligados. A bateria dura até 30 horas, e há um botão de emergência. 

Promessa de segurança

Segundo Marcelo, é preciso quebrar o paradigma de que o monitoramento é negativo para o trabalhador. Para tanto, devem ser envolvidos gestores e profissionais de recursos humanos, algumas vezes até o sindicato da categoria. 

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"O sindicato diz 'Poxa, você está monitorando o meu colaborador, o meu associado', mas é tanta informação positiva para o associado, que, na verdade, isso acaba caindo por água. Por exemplo, como que ele vai provar depois que ele estava cumprindo horas extras? Ali tem como você gerar essa informação", argumenta.

Rastreamento de trabalhadores pode ser aliado da produtividade
Foto: Imagem ilustrativa

O presidente da Comissão de Advocacia Trabalhista da OAB-SP, Gustavo Granadeiro, pondera que o monitoramento pode estar em conformidade com a legislação, mas também provoca desconforto e estresse aos funcionários, em especial no contexto de trabalho remoto. Se do ponto de vista da gestão do negócio é positivo para controle da produtividade, o uso de softwares de monitoramento acarreta danos psicológicos e sociológicos nos colaboradores da empresa.

"Claro que depende da pessoa, mas isso pode, vamos dizer, adoecer uma pessoa, porque ela pode achar que está sendo vigiada o tempo inteiro e que tem que performar. Então, isso causa um estresse muito grande. Não é raro, eu já tenho visto alguns casos de empresas que fazem um controle muito rigoroso da rotina do seu empregado e isso é algo tão opressor que a pessoa prefere se desligar daquela empresa", exemplifica.

A empresa pode monitorar o funcionário?

Sobre a legalidade do monitoramento, Granadeiro enfatiza a importância de avaliar a finalidade do controle. É o objetivo desse monitoramente que irá permitir ao juiz a auferição da medida como excessiva ou razoável. 

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"É uma questão de segurança, até porque geolocalização normalmente a gente utiliza, ou as empresas utilizam, para serviço externo, não para serviço interno. Neste caso existe uma finalidade específica que é a segurança, porque se ele [o funcionário] está dentro de uma mina, eventualmente é preciso localizar rapidamente, se cai uma barreira", diz.

De qualquer forma, o advogado recomenda que as empresas adotem transparência e comunicação eficaz sobre a práticia, para que os colaboradores saibam por que estão sendo monitorados e como seus dados estão sendo utilizados. É essencial, acrescenta o presidente da comissão da OAB-SP, que existam políticas claras de privacidade e consentimento dos funcionários para a coleta de seus dados.

O advogado enfatiza que, embora o monitoramento dos funcionários possa ser legal, é crucial considerar os impactos negativos e buscar um equilíbrio entre a necessidade de controle e a preservação da privacidade e da saúde mental dos trabalhadores. Ele defende que a comunicação transparente e o respeito à privacidade são fundamentais para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo.

Fonte: Redação Terra
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