A sensação de desânimo que muitos enfrentam ao final de cada domingo, ao antecipar o retorno ao trabalho na segunda-feira, está sendo desafiada por um novo movimento que viralizou no TikTok. A chamada "segunda-feira mínima", ou "Bare Minimum Monday" em inglês, foi uma expressão criada por Marisa Jo Mayes, moradora do Arizona, nos Estados Unidos, que sugere a diminuição da carga de trabalho no primeiro dia útil da semana.
Com quase 155 mil seguidores, a criadora de conteúdo costuma postar vídeos mostrando sua rotina após aderir à "segunda-feira mínima". Em um desses vídeos, Mayes explica que adotou essa mudança em sua rotina para redefinir sua relação com o início da semana, reservando esse dia para um trabalho mais leve, para ter um pouco de descanso e também tempo para realizar as coisas em casa.
A hashtag "#bareminimummonday" fez sucesso no TikTok e os vídeos de Mayes acumulam milhares de visualizações. Em entrevista à revista americana Business Insider, Mayes afirmou que a ação permite que ela não tenha um "domingo assustador" e não sinta o "medo e a pressão que muitas pessoas sentem ao voltar ao trabalho".
De acordo com a criadora de conteúdo, ela começou o movimento após sofrer burnout depois de trabalhar com vendas de dispositivos médicos em 2020. "Isso [segunda-feira mínima] mudou completamente minha vida e como eu abordo meu trabalho", afirmou ela.
A estadunidense também explicou que a "Bare Minimum Mondays" é "uma forma de começar a semana priorizando a si mesmo como pessoa, acima de você como funcionário".
Ainda durante a entrevista, ela destacou que sabe que a prática não é possível para todos os profissionais. "Entendo que o Bare Minimum Monday não é realista para todos. Sou autônoma, trabalho em casa, não sou mãe. Sempre recebo comentários como ‘você está vivendo o meu sonho’ ou ‘que millennial que não sabe o valor do trabalho duro'", afirmou a americana à Business Insider.
Como adotar a segunda-feira mínima?
Lilian Cidreira, professora do MBA de Liderança e Inteligência Emocional da ESPM e consultora de Recursos Humanos, explica que a segunda-feira mínima é realmente um movimento mais fácil de ser adotado por profissionais autônomos, já que a liberdade da agenda facilita o processo. Porém, segundo ela, é um formato que pode ser aplicado por qualquer profissional, em qualquer regime contratual e que não atue com demandas emergenciais sem aviso prévio.
"O sucesso da segunda-feira mínima está no planejamento e eventuais negociações de agenda dentro das empresas", diz ela em entrevista ao Terra. "Profissionais que trabalham com demandas emergenciais, como médicos, engenheiros que acompanham obras ou área de TI que implantam sistemas podem encontrar mais dificuldade porque são mais imprevisíveis", acrescenta.
As demais áreas, conforme destaca a especialista, mesmo sabendo que emergências acontecem, estão mais abertas a diminuir essa incidência com planejamentos mais assertivos.
Lilian também afirma que há prós e contras em adotar o movimento. Sobre os pontos positivos, ela destaca que o final de semana é um momento de descompressão e começar a segunda com muitas demandas tende a gerar estresse. Por isso, existe a vantagem de criar uma "ambientação" que melhora a produtividade.
Já com relação aos pontos negativos, a especialista alerta que, se não houver um bom planejamento, a pessoa acaba sobrecarregando os outros dias da semana e, em vez de melhorar a produtividade, traz ainda mais pressão e ansiedade.
De acordo com ela, para adotar a segunda-feira mínima sem prejudicar o trabalho, é preciso fazer um planejamento na semana anterior, incluindo demandas ligadas a análises na segunda, demandas de ação de terça à quinta e demandas de planejamento e análise na sexta-feira à tarde.
Lilian ainda alerta para os sinais que podem indicar insatisfação com o atual trabalho. "Atenção quando todas as demandas do trabalho geram desmotivação ou quando o sentimento do profissional em adotar a segunda-feira mínima esteja atrelado a fugir de compromissos com a empresa ou com o gestor. A prática visa aumentar a eficiência da agenda, não uma fugir das demandas do trabalho. Então, a qualquer sinal como este, vale procurar um profissional para analisar o caso", destaca.