Para conseguir um emprego hoje em dia é necessário ter curso de informática, Pacote Office ou formação em outros softwares conhecidos? Por mais que muitas funções novas estejam atreladas ao universo dos computadores, a resposta, teoricamente, é "não". Calma, a gente te explica.
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De acordo com Clarissa Frossard, diretora executiva da Associação Brasileira de Recursos Humano do Rio de Janeiro (ABRH-RJ), o profissional que está começando ou buscando recolocação no mercado pode até chamar a atenção do recrutador se tiver esses certificados. No entanto, o que é mesmo levado em consideração é o domínio sobre as ferramentas.
A especialista chama de "aplicabilidade e destreza" o novo posicionamento dos recrutadores. Em vez de apenas pedir as certificações, os profissionais de recrutamento e seleção aplicam um teste para avaliar o que o candidato é capaz de fazer com as ferramentas.
"Então, por exemplo, se eu preciso de um jovem para atuar no administrativo, eu vou fazer como se fosse um teste prático com a planilha, em que ele vai ter que fazer algumas alterações e realmente provar que está pronto para a vaga, mostrar que tem a habilidade que preciso", explica ela ao Terra.
Em contrapartida, apesar de certificações complementares não serem mais essenciais e diferenciais como eram antes, Clarissa explica que o curso superior e algumas especialidades, a depender da vaga, continuam sendo primordiais nos processos seletivos. O currículo ainda é o que insere ou não alguém em um processo seletivo, de modo que é essencial que o documento reúna os cursos -- superior, técnico ou tecnólogo, por exemplo -- que já foram feitos pelo indivíduo.
"Os cursos também têm uma finalidade de nos mostrar se o profissional se atualiza, se está continuamente em evolução, principalmente agora que eles podem se desenvolver de forma gratuita e online", acrescenta.
A aprimoração constante, porém, é um dos maiores receios do trabalhador atual. Segundo pesquisa realizada pelo Nube, com 17.689 pessoas de 15 a 29 anos, em outubro de 2023, esse é o fator de maior apreensão para 20,44% dos jovens, pois o mercado exige cada vez mais novas habilidades e eles não estão seguros de todas elas. Gabriel de Godoi Siqueira, analista de treinamento e desenvolvimento da empresa, ressalta a importância de atenção a esse tópico.
"O jovem que está buscando iniciar no mercado de trabalho ou busca a recolocação precisa entender que é uma habilidade que hoje não pode estar fora do seu leque: ele precisa se reinventar de forma constante. Novas profissões surgem todos os dias e o profissional que não entende isso pode terminar perdendo oportunidades e acabar no mercado informal", alerta.
O que os profissionais devem fazer?
Uma estratégia para a nova geração de trabalhadores, segundo Gabriel, é procurar equilibrar as soft e hard skills. Ele se refere às habilidades interpessoais, como inteligência emocional e letramento racial, que fazem toda a diferença no convívio, sem deixar de lado cursos e experiências profissionais que os tornam mais aptos a lidar com as demandas cotidianas.
Outro conselho de Gabriel é que a nova geração de profissionais pesquise sobre o mercado que desejam entrar - ou se recolocar -, e se aprimorem na medida do possível. Ele afirma que a formação e um bom currículo representam apenas 20% do trabalho, e o processo seletivo depende, 80%, da desenvoltura interpessoal e destreza do profissional em fazer o que é pedido.
"É importante falar de como o estágio tem facilitado essa entrada no mercado. Quando a gente pensa num mercado que exige tanto dos candidatos, a experiência e a destreza acabam se sobressaindo. Claro, a formação é importante, é o começo de tudo, mas uma pessoa com boa experiência na área tem mais chances do que uma formada sem prática", acrescenta.