Jovens “nem-nem” e o descompasso entre a formação escolar e o mundo do trabalho

Para tratar a questão, é necessário entender os motivos que levam essa parcela da juventude a não estudar e também ficar sem trabalhar

13 jun 2024 - 12h29
(atualizado em 25/6/2024 às 11h30)
Foto: Carol Yepes/Getty Images

Um grande desafio enfrentando pelo Brasil são os jovens "nem-nem", parcela da geração Z que está afastada tanto do ambiente escolar quanto do mercado de trabalho. Segundo dados recentes do Ministério do Trabalho e Emprego, aproximadamente um em cada quatro brasileiros entre 14 e 24 anos está nessa situação, totalizando cerca de 8,6 milhões de pessoas. Os “nem-nem” da geração Z poderiam ter contribuído com pelo menos R$ 46,3 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) se inseridos na economia, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). 

Para abordar esse problema de maneira eficaz, é fundamental compreender as razões que levam essas pessoas a nem estudar nem trabalhar justamente na fase da vida em que deveriam estar se qualificando e iniciando sua trajetória profissional. 

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Muito se discute sobre o comportamento das novas gerações, influenciado por fatores como falta de experiência em lidar com desafios do mundo real, dependência da tecnologia e das redes sociais e carência de habilidades interpessoais e emocionais. Contudo, os "nem-nem" nos revelam, além desses aspectos, o profundo descompasso entre a formação educacional e o mercado de trabalho.  

Sem acesso a uma educação de qualidade e a programas de capacitação alinhados com as demandas do mercado, esses jovens não se sentem estimulados a ingressar na vida profissional. Consequentemente, não desenvolvem habilidades práticas, como a capacidade de lidar com adversidades e enfrentar situações complexas. 

A resolução desse problema exige uma abordagem abrangente, envolvendo poder público, instituições de ensino, setor privado e organizações da sociedade civil em ações efetivas, como implementação de programas de orientação vocacional nas escolas e a promoção de parcerias entre empresas e escolas para oferecer estágios e programas de aprendizagem. São necessárias novas metodologias, mais engajadoras, que se adequem a rotina dessa geração, como é o caso da Vivae.  

Outra frente são programas de mentoria que conectem jovens a profissionais experientes. Focar o desenvolvimento de habilidades interpessoais, como soft skills, escuta ativa e proatividade, e de resiliência, como empatia e adaptabilidade, contribui para a preparação emocional e social. 

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Investir em formação profissional adaptada às necessidades do mercado e em políticas de inclusão social, junto da redução das barreiras estruturais para a entrada no mercado de trabalho, é outro passo crucial para o fomento de um mercado aberto à inserção desses jovens. 

Esse conjunto medidas mostrará aos jovens horizontes factíveis e promissores para o futuro não só no trabalho, mas para toda a vida. Esse é também o único caminho para transformar a geração "nem-nem" na geração "com": com educação, com emprego e com cidadania. 

CEO da plataforma de educação e empregabilidade Vivae, criada a partir de uma parceria da Vivo e da Ânima Educação. Antes da Vivae, Alexandre foi CEO da Casa do Saber. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra.
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