O governo de Portugal está recrutando médicos brasileiros para trabalhar nos centros de saúde em Portugal. A ação é promovida pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), para que os médicos trabalhem no Serviço Nacional de Saúde (SNS) do país.
A iniciativa oferece salário de 2.863 euros, o equivalente a R$ 15 mil, além de 6 euros (R$ 32) diários para auxílio refeição. Os contratados também terão moradia fornecida pelo governo da região onde serão alocados.
"O Ministério da Saúde está interessado em recrutar médicos para os cuidados de saúde primários", diz o comunicado liberado pela ACSS.
A vaga oferecida corresponde a um contrato de três anos com carga horária de 40h semanais e 22 dias úteis de férias. Os profissionais deverão atender as regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
Entre os requisitos para pleitear a vaga estão o reconhecimento de qualificações estrangeiras em Portugal e, preferencialmente, no mínimo cinco anos de experiência na área. A candidatura deve ser enviada para o e-mail recrutamento.medicos@acss.min-saude.pt.
Iniciativa revolta portugueses
Os portugueses, entretanto, não parecem muito contentes com a decisão do governo. Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), questionou: "Por que é que o governo não dá casa também aos profissionais formados em Portugal?".
De acordo com Roque da Cunha, o governo não faz sua obrigação de atrair médicos portugueses para o SNS. Mas, ao invés disso, prefere contratar profissionais estrangeiros.
Na avaliação de Joana Bordalo, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), essas medidas são uma falta de respeito pelos profissionais formados em portugal. "Não há falta de médicos em Portugal, há falta de médicos no SNS", acrescentou.
Apesar do recrutamento já estar sendo divulgado no Brasil, ainda não foi aprovado o decreto-lei que prevê um regime excepcional para o reconhecimento automático de graus acadêmicos para estrangeiros, aprovado no início de julho em Portugal.
De acordo com o governo, o número elevado de aposentadorias em Portugal tem agravado o problema da falta de médicos de família. Além disso, uma parte dos novos especialistas portugueses em medicina geral e familiar preferem não ocupar vagas abertas em regiões mais carentes do país.