Passar por um evento estressante no trabalho, seja uma reunião frustrante, um resultado inesperado ou até uma discussão, pode despertar a raiva em qualquer um. Mas, por estar no ambiente profissional, descontar o sentimento em alguém pode colocar em risco a permanência no cargo que você ocupa, quando não toda a sua carreira.
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Apesar de comum, dividir as frustrações com colegas e desabafar não é a forma mais indicada de controlar a raiva no trabalho, segundo um estudo recente publicado pela Clinical Psychology Review, e divulgado pelo jornal estadunidense CNBC. Por outro lado, meditação e atividades físicas relaxantes são hábitos que podem ajudar a controlar a raiva em diversas situações, incluindo no trabalho.
O estudo comparou os resultados de atividades estimulantes, como desabafar e correr, com atividades relaxantes, como a meditação e ioga, com o objetivo de acalmar os participantes. Foram 154 estudos envolvendo mais de 10 mil pessoas. O resultado apontou que as atividades relaxantes foram melhores em ajudar pessoas a manejar a raiva.
De onde vem a raiva?
A especialista em carreira e analista comportamental Ariella Barros acredita que é importante observar se o descontrole emocional acontece com recorrência no trabalho. Ela ainda recomenda observar se a raiva vem do ambiente de trabalho, o que pode indicar a hora de buscar uma mudança de emprego.
"É importante verificar como estão os níveis de estresse e talvez procurar uma ajuda médica", diz. "Estar sempre em busca do autoconhecimento nos ajuda a identificar rapidamente o motivo de nossos sentimentos e emoções, e, com isso, fica mais fácil controlá-los quando se manifestam".
Simone Porto Loureiro, doutora em psicologia e diretora da ABRH-RJ, acrescenta que, no momento que surge a raiva, o adequado é se afastar da situação, respirar fundo e dar tempo para a química do organismo se reajustar.
"Por outro lado, é importante não se distanciar desse sinal que é a raiva, que é um chamamento para a ação, fazer uma análise", afirma.
Meditação é alternativa
Para Ariella Barros, a meditação tem diversos benefícios, e é recomendada não só para controlar a raiva, mas para a saúde como um todo. Os praticantes tendem a perceber melhora na concentração e na qualidade do sono, por exemplo.
"A meditação nos traz de volta, nos ajuda a viver o presente, e é também uma forma de autoconhecimento", diz Ariella.
Com a desaceleração da frequência cardíaca e redução do nível de cortisol, o hormônio do estresse, a tendência é manter o organismo equilibrado para os desafios do dia a dia.
"É interessante ter uma prática constante de meditação, é uma ferramenta muito interessante para a gente equilibrar a saúde, dar o tempo que o nosso organismo precisa, que a nossa mente precisa, para a gente conseguir responder adequadamente aos desafios", completa Simone Porto.
Empresas podem auxiliar
Ter um local de relaxamento no ambiente de trabalho pode ajudar os funcionários que precisam de um ambiente mais calmo para controlar a raiva e querem meditar. As especialistas afirmam que essa é uma forma de a empresa mostrar que realmente se importa com a saúde mental dos colaboradores.
"Todos temos problemas, pressõe e atritos em nosso ambiente de trabalho. Ter um lugar para poder parar, nem que seja por 10 minutos, para se acalmar e voltar para si, é um excelente meio de contribuir para a saúde mental. Várias empresas já possuem programas de mindfulness, como o Google e o Nubank, e existem também várias empresas que prestam serviços de meditação para empresas que querem implantar de forma terceirizada", diz Ariella.
Simone ressalta, porém, que o incentivo à saúde mental deve fazer parte da cultura da empresa de forma genuína, e não apenas oferecendo locais de relaxamento.
"É importante que não seja uma prática isolada, que seja um jeito de pensar da organização, que seja promotora de saúde de uma forma geral", defende.
Ariella destaca os benefícios desse investimento: "Pessoas que estão em equilíbrio emocional são mais produtivas, motivadas, conseguem gerenciar melhor o estresse diário e promovem um ambiente saudável. Pensar no bem estar do colaborador é pensar no bem estar da empresa".