Rage Applying: por que a 'demissão só de raiva' está crescendo no Brasil

Ceder ao ‘Rage Applying’ é ruim para o funcionário e para a empresa; veja como prevenir

6 jul 2024 - 05h00
Jim Carey digitando rápido e de forma agressiva
Jim Carey digitando rápido e de forma agressiva
Foto: Reprodução

Um estudo da FGV-IBRE, divulgado em junho, mostra que as demissões cresceram em abril de 2024 em comparação ao mesmo período de 2020. Ao todo, foram registradas 734.943 demissões a pedido do trabalhador, mostrando uma crescente no que especialistas chamam de "Rage Applying".

Não há informações concretas sobre como o termo surgiu, mas desde 2023 têm sido recorrentes conteúdos no TikTok sobre mudanças de emprego e de carreira após insatisfações no trabalho. "Rage Applying" é uma expressão em inglês que, traduzida, significa "Aplicando Raiva".

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Segundo Josiani Pimenta, especialista em recrutamento e seleção, os "rage appliers" geralmente são funcionários aborrecidos com a empresa e que escolhem se demitir "só de raiva". As motivações para tal atitude podem variar.

"O 'Rage Applying' é um sentimento que pode surgir devido a algum desgosto do funcionário no trabalho. O profissional, então, impulsionado por esse sentimento de raiva pede demissão, se candidatando a qualquer vaga, mesmo que essa oportunidade não encaixe em seu perfil", comenta ela ao Terra.

Quais as motivações do 'Rage Applying'?

De acordo com Josiani Pimenta, a "força motriz" por trás do crescimento do 'Rage Applying' no Brasil é a frustração do funcionário, decorrente do convívio com seus gestores, expectativas não alcançadas em relação a promoções, negativas referentes ao aumento de salário ou ainda falta de identificação com as atividades do cargo.

Sem perspectiva e somatizando insatisfações, o funcionário "só de raiva" passa a procurar por vagas de emprego, aplicando seu currículo, inclusive, para oportunidades que não combinam com ele. Na cabeça da pessoa, é uma forma de fugir da situação e se priorizar.

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Quem faz 'Rage Applying'?

Conforme sua própria experiência, a especialista afirma que Millennials (1980-1990) e a Geração Z (2000-2010) são as gerações mais propensas a fazer 'Rage Applying', pois, segundo ela, são profissionais que precisam de reconhecimento, costumam prezar pela cultura do feedback, pelo direcionamento da chefia e pelo desenvolvimento na empresa.

"Quando estão em uma empresa que não tem essa cultura, acabam se frustrando", acrescenta.

Quais as consequências do Rage Applying?

Apesar de parecer um movimento que incentiva pessoas a se priorizarem, a especialista crê que o 'Rage Applying' pode acarretar em consequências ao trabalhador e para a empresa: 

  • Para o trabalhador: buscar uma vaga em momento de raiva, aceitando qualquer oportunidade, segundo Josiani, só vai gerar mais frustração, já que as atividades dessa nova posição podem desmotivar a pessoa e gerar uma nova demissão. Além disso, também existe a questão financeira: nesse 'entra e sai', a pessoa pode ficar sem recursos para manter suas despesas básicas e contrair dívidas.
  • Para a empresa: de forma ampla, impacta a rotina dos funcionários e da firma, gerando sobrecarga de trabalho devido à demissão repentina e sem planejamento de alguém da equipe. Também vira prejuízo financeiro para a empresa, pois gera rotatividade de profissionais e aumento de custos com treinamentos, rescisões e processos seletivos.

Como prevenir o Rage Applying?

Para quem está cogitando o 'Rage Applyin', a especialista tem duas palavras de ordem: respire e reflita. De acordo com ela, tomar uma decisão de "cabeça quente" não vai resolver o problema. Pelo contrário, aceitar qualquer vaga pode, inclusive, piorar toda a situação.

Aos funcionários, antes da tomada de decisão impulsiva, ela orienta conversas com a gestão, propondo uma rotina de feedbacks, a implantação de programas de treinamento e até um planejamento estruturado de desenvolvimento de carreira.

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Às empresas, Josiani Pimenta incentiva a realização de pesquisas de feedback sobre colaboradores e o clima na empresa. Com isso, a firma vai saber qual o sentimento dos funcionários e como se planejar para melhorar a moral nos corredores. 

"Fortaleça a relação com o colaborador, escute-o, se preocupe com sua opinião, conheça as suas dificuldades e preocupações, tente ajudar, oriente e o estimule a se desenvolver na empresa [...] Um ambiente saudável visa a saúde física e mental do colaborador levando em consideração alguns pontos, como um ambiente com respeito e empatia entre os líderes e os colaboradores, ações voltadas também ao conforto físico, como uma cadeira confortável, bons equipamentos ou o home-office [...] Investir em programas e treinamentos relacionados a qualidade de vida do colaborador também ajuda", descreve.

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Fonte: Redação Terra
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